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SUMMIT-Mantega:PIB cresceu 0,3% a 0,5% no 1º tri, mas já acelera

Por Da Redação
28 Maio 2012, 18h31

Por Patrícia Duarte e Alexandre Caverni

SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) – Ciente de que o governo vai se deparar nesta semana com números frustrantes sobre a economia brasileira no trimestre passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou claro nesta segunda-feira que os esforços estão voltados para estimular o investimento privado.

Assim, garantirá que a economia chegará no segundo semestre mais robusta, já que a partir de maio, segundo o ministro, começou a acelerar. Mantega não descartou novas medidas de estímulos, mas pede “paciência” para que as já adotadas possam surtir efeito.

Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter registrado expansão de apenas 0,3 a 0,5 por cento entre janeiro e março passados quando comparado com o quatro trimestre. O pior cenário mostraria que a atividade não acelerou, já que entre outubro e dezembro, a expansão foi de 0,3 por cento.

Para o ano, diz o ministro, o PIB brasileiro deverá crescer entre 3 e 4 por cento, abaixo da projeção inicial do governo, de 4,5 por cento. Mantega, no entanto, emenda que já no segundo trimestre a economia começou a se recuperar e, daí para frente, mostrará mais consistência.

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“Nós precisamos ter um pouco de paciência porque a economia não é um automóvel que você gira a direção, ele vira para esquerda, vira a direção, freia. É mais como um transatlântico de grande porte, você acelera e demora mais para alcançar a velocidade de cruzeiro”, afirmou o ministro em entrevista durante o Reuters Latin American Investment Summit.

“A economia já está acelerando, as medidas têm eficácia, e vamos ver isso com mais nitidez no segundo semestre”, acrescentou. “No segundo semestre estaremos crescendo a 4,5 por cento.”

Para o ministro, mesmo em um cenário de estresse externo adicional, como uma eventual saída da Grécia da zona do euro, o Brasil crescerá neste ano mais do que os 2,7 por cento de 2011. Os dados do primeiro trimestre deste ano serão divulgados na próxima sexta-feira.

“Pela sensibilidade, o que andou menos no primeiro trimestre foi o investimento do setor privado… Talvez houve alguma retração no investimento, que sempre volta depois”, acrescentou.

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O mercado, segundo mostrou a pesquisa Focus do Banco Central nesta segunda-feira, acredita que o PIB vai crescer menos de 3 por cento neste ano.

Mantega disse ainda que os investimentos públicos continuam mais fortes e adiantou que, entre janeiro e abril, os desembolsos do governo federal cresceram 28,9 por cento frente a igual período de 2011.

Para ele, as reduções nos gastos de custeio vão permitir mais investimentos sem que o governo tenha de abrir mão do cumprimento da meta cheia de superávit primário -economia feita para pagamento de juros- neste ano, de 139,8 bilhões de reais.

Para induzir essa esperada retomada no crescimento dos investimentos privados, Mantega mencionou as medidas já adotadas, como redução de juros. Segundo ele, o governo continua pensando em novas iniciativas -como diminuir os tributos para atacar a inadimplência-, mas é preciso esperar que as já tomadas surtam efeito.

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“O governo pensa em medidas adicionais, porém as medidas que foram tomadas até agora ainda não tiveram tempo de surtir seu efeito”, afirmou o ministro.

As mais recentes ações do governo para estimular a economia foram anunciadas na semana passada, envolvendo desde a redução do Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI) para veículos até juros menores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para bens de capital.

JUROS MENORES

Mantega disse ainda que o cenário de juros mais baixos “veio para ficar” e, assim, os aplicadores terão de se acostumar com rendimentos menores. A consequência é de que terão de buscar alternativas voltadas para o setor produtivo, como ações e debêntures.

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O ministro reafirmou que a inadimplência no país já está recuando, com os bancos renegociando com os clientes. Para Mantega, o importante é que o crédito livre -cuja expansão está em torno de 16 por cento- volte a crescer com mais vigor.

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne novamente e deve reduzir a Selic, como mostrou pesquisa da Reuters, dos atuais 9 por cento ao ano para 8,5 por cento, novo recorde histórico de baixa.

CÂMBIO

Mantega disse também que o câmbio atual, com o dólar perto de 2 reais, é benigno e não pressionará a inflação, porque será compensado por outras variáveis, como os preços em queda das commodities.

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Na avaliação dele, as recentes atuações do BC oferecendo dólares no mercado futuro visam evitar uma volatilidade maior, que acaba prejudicando até mesmo as operações comerciais, e não têm como preocupação pressões inflacionárias advindas do câmbio.

O ministro admitiu ainda que, neste momento, a chamada “guerra cambial” se atenuou, mas não chegou ao fim.

“A guerra cambial só terminará quando os países monitorarem menos o câmbio e isso poderá acontecer”, afirmou ele. “Nós temos pregado isso e acredito que não estamos pregando no deserto.”

Sobre a crise europeia, o ministro diz acreditar que os países da região não terão outra saída a não ser aliar as políticas de austeridade com as de crescimento.

Ele reconhece que o setor financeiro europeu é um dos que mais sofre com a crise, mas afirmou que o banco espanhol Santander Brasil está bastante sólido no país. E negou que o Banco do Brasil esteja interessado na instituição, como chegou a ser publicado na imprensa brasileira.

Mantega disse ainda que o governo “não precisa” reduzir a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em renda fixa, atualmente em 6 por cento, e que o governo quer priorizar os investimentos externos produtivos.

“Não fazemos questão que os estrangeiros detenham uma parcela da nossa dívida”, afirmou o ministro. “Têm alguns que estão reclamando que o Brasil já não é o paraíso, mas não é o paraíso da arbitragem.”

(Reportagem adicional de Todd Benson e Silvio Cascione)

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