Sul e Sudeste puxam queda da produção industrial em janeiro
Regiões mais industrializadas do país representam 79% de toda a atividade fabril brasileira; seis dos sete estados das duas regiões tiveram índices negativos
Dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a retração de 2,1% da produção industrial anunciada na última quarta-feira é reflexo da diminuição da atividade nas regiões que concentram a maior quantidade de indústrias do país: Sul e Sudeste. Levantamento do IBGE feito com exclusividade para o site de VEJA mostra o peso das duas regiões na produção industrial brasileira: elas representam 79% de tudo o que é produzido pelo setor no Brasil.
Dos sete estados do Sul e do Sudeste, apenas o Rio Grande do Sul não teve retração de sua produção fabril em janeiro deste ano ante dezembro do ano passado e verificou alta de 0,5%. Paraná (-11,5%) e Rio de Janeiro (-5,9%) puxaram a queda, mas São Paulo (-1,7%), Santa Catarina (-1,6%), Minas Gerais (-1,3%) e Espírito Santo (-0,4%) também tiveram resultados negativos. Além dos estados do Sul e do Sudeste, Pará (-13,4%), Ceará (-3,1%) e Pernambuco (-1,0%) contribuíram para a queda da atividade no setor industrial brasileiro.
Enquanto São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná somados representam 66% da produção industrial brasileira, Pará e Ceará, por exemplo, respondem por apenas 1,84% e 1,38% do total, respectivamente.
Na comparação com janeiro do ano passado, as duas regiões também foram as que mais contribuíram para a queda de 3,4%. Neste cenário, os destaques negativos foram Santa Catarina (-10,3%), novamente o Rio de Janeiro (-9,2%) e São Paulo (-6,3%), além de Espírito Santo (-2,8%) e Minas Gerais (-2,4%). Assim como em relação a dezembro, Pará (-8,5%) e Ceará (-8,3%) aparecem com recuos acima da média nacional.
No desempenho desses estados, o comportamento de segmentos articulados à produção de bens de capital (caminhões) e de bens de consumo duráveis (automóveis) foram responsáveis pela baixa em função da concessão de férias coletivas por várias empresas. Segundo o IBGE, também se verificou influência negativa vinda dos setores extrativo (minérios de ferro), têxtil, vestuário e de metalurgia básica.
Do lado positivo, Goiás (25,4%) assinalou o maior avanço do país, principalmente pela maior produção do setor de produtos químicos (medicamentos). Pernambuco (11,3%), Rio Grande do Sul (7,8%) e Bahia (6,5%) também contribuíram por uma queda menos acentuada da produção industrial em comparação com janeiro do ano passado.
Crescimento freado pela indústria – Segundo especialistas ouvidos pelo site de VEJA, a economia brasileira não cresceu mais em 2011 devido ao baixo desempenho do setor industrial e ao erro na política monetária do governo no começo do ano passado. Enquanto o crescimento de 2,7% do PIB de 2011 foi puxado pelo aumento de 4,3% na arrecadação de impostos e de 3,9% da agropecuária, a indústria avançou apenas 1,6%.