Sistema financeiro está cada vez mais forte, diz Tombini
Sem mencionar casos recentes de insolvência e fraudes em bancos, presidente do BC, Alexandre Tombini, diz que aprimoramento da supervisão é contínuo

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, destacou nesta terça-feira a melhoria das políticas e sistemas de supervisão financeira da entidade nos últimos dois anos. Sem mencionar os casos recentes de insolvência e fraudes em instituições financeiras de pequeno e médio porte, como o BVA e o Cruzeiro do Sul, Tombini afirmou que o aprimoramento da regulação e da fiscalização no país é contínuo e garantiu que o setor bancário está cada vez mais forte.
“Aperfeiçoamos as práticas da supervisão, tornando-a mais abrangente e, principalmente, intrusiva. As avaliações e os questionamentos passaram a ser mais incisivos e frequentes, inclusive em relação às fragilidades na estrutura de governança e à estratégia de negócios, com acompanhamento constante da sua efetividade”, destacou Tombini no ciclo de palestras e almoços “Encontros EXAME”, realizado na sede da Editora Abril, em São Paulo.
Na avaliação de Tombini, esse aperfeiçoamento implicou uma supervisão mais eficaz em todas as suas fases, desde o mais simples monitoramento diário até as ações corretivas. “Com isso, foi possível identificar vulnerabilidades que resultaram na formulação de um plano de ação de saneamento, com um diagnóstico profundo e a adoção de medidas necessárias à solução dos problemas detectados”, afirmou.
O presidente do BC destacou que, nas situações em que foi preciso sanear uma instituição bancária, os planos foram conduzidos de forma serena, e sem utilização de recursos públicos. “Por isso, posso afirmar que temos hoje um sistema financeiro ainda mais forte”.
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Volatilidade – Tombini lembrou que os sistemas financeiros de todo o mundo – desde a crise que estourou nos Estados Unidos na virada de 2008 para 2009 – têm vivenciado momentos de intensa volatilidade. “Várias instituições sucumbiram, mas, no Brasil, conseguimos passar por isso graças a uma regulação rigorosa”, comemorou. “Contudo, não podíamos nos acomodar com o sucesso diante da crise de 2008, pois crises financeiras surgem de forma lenta, e por vezes silenciosa”, acrescentou Tombini.
Como exemplo de aprimoramento regulatório e prudencial, o presidente do BC citou a criação, em maio de 2011, do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef). O grupo, que se reúne a cada dois meses, é formado pelo presidente e por todos os diretores da autoridade monetária. Além deles, participam os chefes de departamentos do BC cujo trabalho tem relação com a preservação da estabilidade financeira.
O presidente do Banco Central apontou ainda a melhoria nos registros de operações de empréstimos no país. O novo Sistema de Informações de Crédito (SCR) – banco de dados sobre empréstimos e títulos com características de crédito e suas respectivas garantias – abrange todas as transações iguais ou superiores a mil reais. “São mais de quatrocentos e oitenta milhões de registros individualizados com informações detalhadas sobre cada uma dessas operações de crédito, abrangendo 99% do montante de crédito existente no âmbito do Sistema Financeiro Nacional”, destacou. Segundo o economista, este é um patamar inédito entre os reguladores de sistemas financeiros internacionais.
Tombini chamou também a atenção para o fato de o BC ter exigido que os bancos constituíssem a Central de Cessão de Crédito, a chamada C3, que torna obrigatório o registro de operações de crédito negociadas entre instituições. Esse dispositivo visa dar mais transparência e segurança às operações de trocas de carteiras no segmento, evitando, assim, casos como o do Panamericano, quando houve fraude na contabilização de operações deste tipo.