Por Altamiro Silva Júnior
São Paulo – Em meio às mudanças pelas quais passam os bancos médios, o presidente do Itaú, Roberto Setubal, vê oportunidades de aquisições e parcerias com instituições que operam com nichos de mercado. O executivo cita como exemplo o próprio acordo anunciado nesta terça-feira com o BMG, focado em crédito consignado. Segundo Setubal, esse é um segmento que o banco mineiro tem muita experiência e seria complicado para o Itaú começar um negócio novo do zero e sozinho.
A nova empresa vai absorver os correspondentes bancários do BMG, chamados de pastinhas. São os agentes que oferecem o consignado nos mais diferentes e distantes lugares do País.
Setubal prevê que o consignado vai continuar crescendo e se transformará em uma das maiores carteiras do banco, se igualando ou até superando a de veículos. O Itaú é forte no financiamento de carros, mas vem reduzindo a liberação de recursos em meio a alta da inadimplência desde o ano passado.
O foco do Itaú no crédito é trabalhar em linhas de menor risco e spread mais baixo. No caso do consignado, a garantia do contrato é o próprio salário ou aposentadoria do tomador. Por isso o risco é muito baixo e as taxas de juros menores, na casa dos 2% ao mês.
A intenção do banco em trabalhar nesses segmentos de menor spread, destaca Setubal, vai em direção até com a política atual do governo da presidente Dilma Roussef, que tem usado os bancos públicos para reduzir as taxas cobradas no crédito e os spreads bancários, estimulando os privados a fazerem o mesmo. Spread é a diferença da taxa que o banco paga para captar recursos e a que ele empresta aos clientes.