A dívida pública chegou a 9 trilhões de reais, ou seja, 78,6% do PIB em outubro, um aumento de 0,4 pontos percentuais em um mês. No ano, a dívida pública já cresceu 4,2 pontos percentuais. “O aumento resulta sobretudo da incorporação de juros nominais (+6,3 p.p.), da emissão líquida de dívida (+1,1 p.p.), do efeito da desvalorização cambial acumulada (+0,7 p.p.), do reconhecimento de dívida (+0,2 p.p.) e do crescimento do PIB nominal (-4,1 p.p.)”, segundo o relatório do BC com as estatísticas fiscais do governo, divulgado nesta sexta-feira, 29. O aumento da dívida pública desenfreado tem sido um dos principais fatores para a falta de credibilidade do mercado financeiro em relação ao governo. Exercendo pressão inflacionária, a questão fiscal brasileira tem influenciado fortemente as decisões do Banco Central de elevar os juros.
Nesta quinta-feira, 28, o governo detalhou as medidas de ajuste fiscal que projetam uma economia de 70 bilhões de reais em dois anos. Mas economistas e bancos divergem da equipe econômica em relação ao potencial de redução de gastos do governo, com receio de que o pacote seja desidratado no Congresso Nacional. A avaliação é de que o tão esperado pacote é decepcionante o que tem agravado ainda mais a depreciação do Real frente ao dólar.
Em outubro, o aumento da dívida bruta do governo geral, DBGG – que abrange Governo Federal, INSS e governos estaduais e municipais, também deve-se à alta dos juros, câmbio valorizado, além do resgate líquido da dívida e da variação nominal do PIB no mês.
O BC informa que em outubro, o setor público consolidado registrou um superávit primário de R$ 36,9 bilhões, mais que o dobro dos R$ 14,8 bilhões no mesmo mês do ano passado. O resultado foi impulsionado pelo Governo Central, que alcançou um superávit de R$ 39,1 bilhões. Por outro lado, governos regionais e empresas estatais apresentaram déficits de R$ 1,9 bilhão e R$ 360 milhões, respectivamente.
Nos últimos 12 meses, no entanto, o setor público acumula um déficit de R$ 223,5 bilhões, o equivalente a 1,95% do PIB. Esse valor representa uma leve melhora em relação ao período de 12 meses encerrado em setembro, com redução de 0,21 ponto percentual.