O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta quinta-feira que irá realizar junto da Alemanha um novo tratado de reformulação europeu com mais disciplina fiscal e anunciou um novo ciclo de desendividamento na Eurozona.
Segundo Sarkozy, “caso a Europa não mude rapidamente, a história do mundo será escrita sem ela”.
“Estamos vivendo uma situação extrema (…) precisamos retomar o essencial e por isso França e Alemanha militarão por um novo tratado europeu” que contenha “mais disciplina, mais solidariedade e mais responsabilidade mediante um verdadeiro governo econômico”, disse Sarkozy em Toulon.
Sarkozy receberá na segunda-feira em Paris a chefe do governo alemão, Angela Merkel, para elaborar “propostas franco-alemãs” destinadas a superar a crise que sacode a Eurozona.
O presidente francês disse que “França e Alemanha, depois de tantas tragédias, decidiram unir seus destinos e olhar juntos para o futuro”, disse.
Segundo Sarkozy, “com Alemanha e França unidas, toda a Europa estará unida e forte”. O presidente francês recordou que franceses e alemães possuem “cada um sua história, suas feridas e que é preciso respeitá-las..
“França e Alemanha optaram pela convergência, mas isso não quer dizer que teremos que renunciar a nossa identidade”, afirmou.
De acordo com Sarkozy “um novo ciclo econômico já começou, o do desendividamento”. “O novo ciclo será muito diferente e levará a balança da economia ao trabalho e à produtividade”, disse Sarkozy.
“O extravagante crescimento do setor financeiro ampliou demasiadamente a dívida e provocou um domínio da lógica especulativa e do lucro de curto prazo”, disse.
Para o presidente francês, também o modelo de proteção social se tornou insustentável e precisa de reformas urgentes.
“Não podemos financiar nossa proteção social como antes, com cotações salariais quando as fronteiras são mais abertas e temos que enfrentar a competência de outros países com baixos salários. A reforma de nosso modelo social possui uma urgência absoluta”, afirmou o Sarkozy em um discurso sobre a crise na Europa.
“Não podemos conservar a mesma organização de nossa proteção social da época do pós-guerra, pois as pessoas mudam de empresas, de setor e de função ao longo de suas carreiras”, afirmou.
O líder conservador anunciou que em janeiro convidará a todos os interlocutores sociais a participar de uma reunião sobre o emprego.
Desde sua chegada ao poder em 2007, Sarkozy realizou uma reforma do sistema previdenciário, mas a reforma do sistema de trabalho apresenta fortes resistências.
O discurso de Sarkozy foi feito diante de 5.000 pessoas reunidas no Zenith de Toulon, o mesmo lugar onde há três ele realizou um discurso inflamado contra o sistema financeiro e o “capitalismo enlouquecido”.