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Risco de racionamento elétrico ainda é elevado, apesar das chuvas

O nível dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste precisa subir de 23,9% para 35% até o final de abril para evitar as medidas de concessão na oferta de energia

Por Bianca Alvarenga Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 mar 2015, 20h57

Apesar do aumento no volume das chuvas, a possibilidade de um racionamento de energia no segundo semestre ainda segue viva e assombrando o governo federal. No último dia 4, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão subordinado ao Ministério de Minas e Energia, estimou o risco de racionamento em 6,1%. O nível de segurança é de 5% – qualquer valor acima disso indica a possibilidade de colapsos no setor elétrico. Embora o risco ainda ultrapasse o padrão de normalidade, a notícia foi vista com otimismo pelo governo. No início de fevereiro, quando os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste chegaram a 16,8%, o risco de racionamento foi calculado em 7,3%, valor considerado altíssimo.

O Operador Nacional do Sitema Elétrico (ONS) garante que, se o nível médio dos reservatórios das usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste chegar a 35% no final de abril, será possível sobreviver ao período seco e chegar a novembro com 10% de volume de água, o suficiente para garantir a atividade mínima operacional das hidrelétricas. Atualmente, os reservatórios da região acumulam 23,9% do volume total armazenado. Um estudo da consultoria Thymos, elaborado com os dados do próprio ONS, mostra que, na verdade, o racionamento só será evitado ainda neste ano se chover pelo menos 90% da média histórica até novembro. Vale lembrar que, em pleno período úmido de 2015, a média de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, não chegou a 60%.

Entidades do setor criticam a inabilidade do governo em tomar providências para administrar a crise. O problema é que, com a turbulência na política, a presidente Dilma Rousseff teme que um racionamento acenda ainda mais a insatisfação popular. Dilma chegou a vetar uma campanha de redução do consumo de energia, que seria veiculada na TV e rádio, por considerar que frases como “desligue o ar condicionado” fossem alarmar a população e aproximar o cenário atual à crise energética de 2001. As peças publicitárias tiveram que ser refeitas em tons mais “suaves”, e começaram a ser transmitidas no início deste mês. Além da campanha, um aumento médio de 23,4% nas contas de luz foi começou a valer no início de fevereiro. Somado ao custo das bandeiras tarifárias, vigentes desde janeiro, o acréscimo foi de 32%. Em algumas cidades da região Sul, o tarifaço chegou a 48%.As distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram reajustes proporcionalmente maiores que as do Nordeste e Norte porque, além de demandarem mais energia, também são as únicas que recebem luz gerada em Itaipu. A maior hidrelétrica brasileira produziu cerca de 10% menos energia no ano passado e suas tarifas, negociadas em dólar, ficaram mais altas por causa da desvalorização do real.

A cobrança, chamada de “reajuste extraordinário”, pretende repassar parte do custo da caríssima geração de energia do ano passado. Por causa dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, as termelétricas tiveram que ser ativadas para garantir o fornecimento de energia. Além de consumirem materiais poluentes, como carvão e óleo, as usinas térmicas custam seis vezes mais em comparação à energia produzida por hidrelétricas. As empresas responsáveis pela distribuição tiveram que custear essa diferença para continuar atendendo seus clientes e, sem caixa disponível, recorreram a empréstimos que somam 17,8 bilhões de reais. Por causa do aperto fiscal, o Tesouro cortou o fluxo de socorro à Conta de Desenvolvimento Energético – fundo que custeia o setor – e as distribuidoras precisaram repassar o custo do empréstimo diretamente para as contas de luz. A dívida foi parcelada em dois reajustes extraordinários: um feito no início de março, e outro que será feito em 2016. O bolso do brasileiro pode esperar ainda outro aumento ainda em 2015, de 10%, que corresponde ao reajuste regular executado anualmente pelas distribuidoras.

O governo espera que a campanha publicitária, o tarifaço e o baixo ritmo econômico sejam suficientes para reduzir o consumo de energia e salvar 2015 de um racionamento. Entretanto, ainda que isso aconteça, não poupará uma crise no ano que vem. “O governo precisa fazer uma correção de rota imediatamente, ou teremos problemas de energia até 2018”, afirmou João Carlos Mello, presidente da Thymos. Ele explicou, em um evento do setor em São Paulo, que operar com reservatórios abaixo dos 10% é perigoso, pois não se sabe exatamente o que há no fundo das represas. Muitas delas estão assoreadas, por exemplo. Além de haver chance de as usinas pararem completamente por falta de água para movimentar as turbinas, é imprudente esperar que o período de chuvas de 2016 recupere o nível dos reservatórios. Isso significa que, caso haja cortes de fornecimento de luz no próximo ano, haverá redução no ritmo de crescimento, frustrando os planos do governo de uma rápida recuperação econômica.

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