Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Risco de estagnação é visível a olho nu’, diz presidente do IBGE

Em entrevista a jornal, Paulo Rabello de Castro diz que mesmo que o país saia estatisticamente da recessão em 2017, desafios na economia ainda são enormes

Por Da redação
Atualizado em 5 dez 2016, 09h51 - Publicado em 5 dez 2016, 09h24

Mesmo que a previsão de crescimento de 1% para a economia em 2017 se concretize, e estatisticamente o Brasil saia da recessão, esse avanço será insuficiente para sair da crise. E é possível que o país enfrente um período de estagnação em vez de recuperação, pois os desafios são enormes. A avaliação é do presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), o economista Paulo Rabello de Castro, em entrevista concedida à Folha de S. Paulo publicada nesta segunda-feira.

Segundo Castro, o momento atual ainda é de piora das projeções, que estão menos otimistas do que as feitas na metade do ano, e a recuperação, sobretudo a do emprego, demorará mais que o previsto anteriormente para vir.

Um dos fatores de dificuldade é o desarranjo no setor produtivo, diz ele. “Algo há de errado na disposição desse time. As empresas entram mal em campo, as pessoas são desempregadas. Todos ficam desesperançados, a produtividade geral cai e o governo gasta demais, cobrando de todos para cobrir a gastança”, avalia.

Continua após a publicidade

Outro elemento problemático, na visão do economista, é a alta taxa básica de juros (Selic). Na última semana, o Copom reduziu esta taxa em 0,25 ponto porcentual, para 13,75% ao ano. Para Castro, manter os juros altos é uma medida que deveria ser usada por um período curto, não durante décadas seguidas. “O resultado é que, de 1999 até hoje, a dívida pública está quase duas vezes superior ao que poderia estar se estivéssemos praticando uma taxa de juros neutra. Isso sustenta um rentismo financeiro e faz com que a sociedade precise ser reeducada para o compromisso de trabalhar. Trabalho, no Brasil, é opção de último caso”, explica.

O presidente do IBGE considera também que a instabilidade política é um agravante na situação econômica, e que a saída do presidente da Michel Temer não é uma solução para esse tipo de problema. “Não temos tempo a perder”, diz. Entre as medidas necessárias apontadas por Castro estão a criação de um conselho fiscal e as reformas tributária e da Previdência. Em relação à última, a demora no processo e a falta de clareza nas propostas que estão sendo debatidas são prejudiciais. “No IBGE, vamos perder mais de 300 funcionários no próximo ano, devido à aposentadoria. Eles estão virando 400 em razão do lero-lero de uma Previdência que vai machucar o interesse dos aposentados. É uma dúvida que se instalou no coração das pessoas, porque ninguém sabe qual o teor da reforma. Até a minha secretária anunciou que vai se aposentar”, diz Castro.

Em relação ao IBGE, com o limite do crescimento de gastos a que se sujeitaria o governo federal com a aprovação da PEC do Teto, o instituto teria que reavaliar se os estudos feitos dão o retorno desejado. “Muitas das pesquisas são ancoradas apenas na tradição de fazer porque se fazia no passado”, revela.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.