Rioforte não paga dívida e deve protocolar pedido de recuperação judicial
Em dificuldades, holding do Grupo Espírito Santo tinha que reembolsar até esta terça empréstimo de 847 milhões de euros à Portugal Telecom, mas deu o calote
A Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo, deve protocolar um pedido de recuperação judicial nos próximos dias, segundo informações da Bloomberg. Em dificuldades, a empresa teve até o final desta terça-feira para reembolsar um empréstimo de 847 milhões de euros à Portugal Telecom – mas não o fez. A Rioforte deve entregar o pedido aos tribunais de Luxemburgo, paraíso fiscal onde tem sede. A empresa tem ainda mais uma obrigação a ser paga à tele portuguesa: 50 milhões de euros na próxima quinta-feira, que dificilmente devem ser honrados. Se o pedido de recuperação judicial for aceito, a empresa terá proteção da Justiça para renegociar suas dívidas sem que seus credores peçam sua falência.
De acordo com a emissora de televisão portuguesa SIC, a Portugal Telecom não recebeu o pagamento até a meia-noite, hora em que vencia o prazo do investimento. Contudo, o default da Rioforte só poderá ser oficializado após 30 dias de atraso do pagamento, segundo o contrato firmado entre as duas empresas. A emissora informou ainda que todo o Grupo Espírito Santo (GES) estaria sob pressão para solicitar recuperação judicial, pois uma de suas subsidiárias, a Espírito Santo International (ESI), já está com dívidas pendentes que completam um mês sem pagamento na próxima sexta-feira. Por isso, a recuperação judicial teria de ser solicitada até a quinta-feira, antes do default.
A Rioforte possui uma fatia de 49% na Espírito Santo Financial Group (ESFG), holding da família Espírito Santo que detém 20% do Banco Espírito Santo (BES). O BES, por sua vez, tem 10% da Portugal Telecom. O problema teve início quando a Rioforte recebeu, ao longo do primeiro semestre, cerca de 900 milhões de euros da Portugal Telecom, em troca de títulos com vencimento de curto prazo. Ao dar o calote nesta terça-feira, a Rioforte compromete o caixa da Portugal Telecom e, consequentemente, sua fusão com a Oi. Pelo fato de ambas estarem interligadas ao BES, o banco também tem sido alvo de grande desconfiança. Suas ações caíram 49,5% em apenas sete sessões na Bolsa de Lisboa.
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A tele brasileira afirma que jamais foi informada sobre o investimento da Portugal Telecom. Dois de seus conselheiros, Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, e Fernando Portella, do grupo Jereissati, se retiraram do conselho ao saberem, por meio da imprensa, a respeito da operação. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos principais acionistas da Telemar, que controla a Oi, pediu explicações à Portugal Telecom e avalia rever os termos da fusão com a companhia. A tele portuguesa teria, inicialmente, 38% da Nova Oi. Depois do aporte e do calote da Rioforte, essa fatia pode recuar para 20%.