Renault volta a registrar lucro global e tem Brasil como destaque
Fabricante francesa quer transformar o país em seu segundo maior mercado mundial
A fabricante automotiva francesa Renault divulgou na manhã desta quarta-feira seu balanço anual de 2010. Após amargar um prejuízo de 3,12 bilhões de euros (4,25 bilhões de dólares) em 2009 e precisar de injeção de capital do estado francês, a empresa presidida pelo brasileiro Carlos Goshn registrou no ano passado um lucro de 3,42 bilhões de euros (4,66 bilhões de dólares) e uma receita de 38,9 bilhões de euros (cerca de 53 bilhões de dólares). A empresa inverteu os resultados de maneira impressionante após vender suas ações na Volvo, o que resultou em ganhos de 2 bilhões de euros.
Dos 2,6 milhões de veículos vendidos em 2010, cerca de 166.000 estão em território brasileiro – ou 6% das vendas. Sendo assim, apesar de não divulgar os números individuais por país, é possível estimar que a montadora tenha vendido no Brasil algo em torno de 2 bilhões de euros. Goshn afirmou, durante a coletiva de divulgação de resultados, que quer transformar o país no segundo maior mercado da Renault no mundo, atrás apenas da própria França. Outros emergentes, como a China, deverão esperar. “Queremos alcançar uma participação de mercado de 5% no Brasil até 2013. Já em relação à China, não temos nenhum projeto nos próximos dois anos”, disse o executivo.
A empresa também aproveitou para divulgar seu plano estratégico para os próximos cinco anos. O plano prevê que, até 2016, a Renault terá 48 modelos de veículos para suas três marcas mundiais (Renault, Dacia et Renault-Samsung), contra 40 em 2010. Já as vendas, segundo Goshn, deverão crescer mundialmente para 3 milhões de unidades nos próximos dois anos – com a previsão de lançamento de mais três modelos elétricos: Fluence Z.E, Kangoo e Twizy.
Espionagem – Durante a coletiva, o presidente foi questionado por jornalistas sobre as investigações de espionagem industrial que a empresa tem feito. Em janeiro, a Renault anunciou que estava sendo vítima de espiões chineses que queriam exportar para a Ásia os projetos de carros elétricos que estavam sendo desenvolvidos na França. As perguntas em torno do tema irritaram Goshn – que tem constantemente recebido críticas da imprensa francesa sobre a veracidade das acusações. “Nós não temos a menor vontade de falar disso agora, ainda mais porque acabamos de anunciar bons resultados e um plano estratégico extremamente importante para a Renault”, afirmou o executivo.
Os altos diretores da empresa que foram tirados de seus cargos após as acusações negam com veemência que sejam culpados e afirmaram que irão processar a Renault por calúnia e difamação.