Recessão leva mais de 2 milhões de crianças à pobreza em países desenvolvidos
Nível de pobreza infantil aumentou em mais da metade dos países analisados pela Unicef, sobretudo devido a medidas de austeridade e cortes no orçamento
A crise econômica mundial aumentou para 76,5 milhões o número de crianças que passaram a viver em situação de pobreza em países desenvolvidos, o que representa um aumento de 2,6 milhões de crianças desde o início da recessão econômica de 2008. As informações são de um novo estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para as Crianças (Unicef), que também releva que as crianças da Irlanda, da Letônia e da Grécia foram as mais atingidas.
“Muitos países ricos sofreram um ‘grande salto para trás’ em termos de rendimento familiar, e o impacto sobre as crianças terá repercussões duradouras para elas e suas comunidades”, disse, em comunicado, o chefe de política e estratégia global do Unicef, Jeffrey O’Malley. Os níveis de pobreza infantil aumentaram em mais da metade dos 41 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da União Europeia analisados no estudo.
Os programas iniciais de estímulo econômico ajudaram a proteger as crianças em alguns países. Mas até 2010 a maioria das nações, especialmente Itália, Grécia e Portugal, anunciou cortes no orçamento que tiveram impacto negativo sobre a população mais jovem. Somente na Grécia, que passou por duras medidas de austeridade para cumprir os termos de um acordo de resgate internacional, mais de 40% das crianças viviam na pobreza até 2012.
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Lado positivo – O bem-estar econômico das crianças melhorou em 18 países, incluindo Austrália e Finlândia, com destaque para os benefícios de uma forte rede de segurança social para os jovens. “O estudo do Unicef mostra que a força de políticas de proteção social foi um fator decisivo na prevenção da pobreza”, afirmou O’Malley “Todos os países precisam de fortes redes de segurança social para proteger as crianças em tempos ruins e bons – e os países ricos devem liderar pelo exemplo”, acrescentou.
(Com agência Reuters)