RIO DE JANEIRO, 19 Abr (Reuters) – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, classificou como saudável a trajetória de convergencia entra a Selic e a TJLP, usada para corrigir financiamentos de longo prazo.
Segundo ele, como a TJLP embute em seu cálculo inflação mais risco-país, a taxa chegou ao seu piso.
“A TJLP já está no limite, calibrada, e não temos a intenção de reduzir. A não ser que a inflação seja mais baixa, a gente pode pensar, mas está longe”, disse Coutinho em entrevista aos jornalistas nesta quinta-feira.
“Se a economia melhorar a performance e a inflação ficar abaixo de 4 por cento, poderá repensar a TJLP”, disse Coutinho, ao lembrar que a redução da inflação inclui questões internas e externas, trajetória fiscal, redução do déficit nominal, entre outros fatores.
Ao ser questionado sobre o ritmo da economia brasileira em 2012, Coutinho afirmou que o governo está trabalhando para garantir a expansão de 4 por cento. “Faremos o possível para ser próximo a 4 por cento, e queremos que a variável investimento lidere o crescimento do PIB”, disse.
O BNDES divulgou um estudo nesta quinta-feira com previsão de que os investimentos no setor industrial entre 2012 e 2015 somarão 597 bilhões de reais.
Desse montante, o setor de petróleo e gás deve responder por 354 bilhões de reais.
Segundo o banco, os investimentos em infraestrutura neste ano devem chegar a 24,5 bilhões de reais, aumento de 31 por cento em relação a 2011, que foi de 18,7 bilhões de reais.
No primeiro trimestre deste ano, os desembolsos do banco totalizaram 24,5 bilhões de reais. Apenas em março, as liberações do banco de fomento foram de 9,3 bilhões de reais, com alta de quase 21 por cento sobre um ano antes.
Para o ano que vem, a estimativa é de 31 bilhões, ganho de 26 por cento.
“O que antevemos é uma recuperação de investimentos na indústria e uma firme continuidade dos investimentos em infraestrutura. Essa é uma combinação saudável para ajudar o país na relação investimento versus PIB. Queremos um novo degrau, com 20,5 por cento do PIB esse ano”, disse Coutinho.
Apesar da estabilidade do desembolso, o presidente do BNDES afirmou que o resultado ainda reflete uma realidade da economia brasileira no ano passado, mas que os enquadramentos e as consultas -que cresceram 28 e 37 por cento, respectivamente, no trimestre- sinalizam retomada da economia brasileira.
(Por Rodrigo Viga Gaier)