Pela segunda semana consecutiva, a convocação do pecuarista José Carlos Bumlai foi barrada na CPI dos Fundos de Pensão, que investiga fraudes em gestão de fundos de previdência complementar. Bumlai é amigo do ex-presidente Lula e peça-chave para explicar se o petista teve participação no escândalo de corrupção da Petrobras. Em acordo de delação premiada, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, considerado o operador do PMDB, afirmou ter dado 2 milhões de reais em propina para Bumlai. Uma nora de Lula seria o destino final do dinheiro. Nesta quinta-feira, a convocação do amigo do ex-presidente era o primeiro item da pauta de votação. Resultado: em um movimento inédito, a bancada do PT na comissão acionou até os suplentes e compareceu em peso, colocando cinco parlamentares para votar contra o projeto. Em ato similar, o PMDB também chamou o time reserva e levou seis deputados ao colegiado. Outra manobra foi comandada pelo relator da CPI, o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR). Ao início da sessão, ele solicitou a inversão da pauta, colocando a votação de outro requerimento à frente e inviabilizando qualquer outra deliberação, já que a análise de projetos em plenário começou em seguida. Integrantes da comissão relacionam a estratégia a um pedido do líder do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), e ao presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), encrencadíssimo na Lava Jato depois de também ser alvo da delação de Fernando Baiano. (Marcela Mattos, de Brasília)
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