Próximo passo poderá ser a retirada do IOF sobre o compulsório
Cortes anteriores no IOF não surtiram efeito, aponta analista. Dólar mantém sua trajetória de alta
A retirada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1% das aplicações em derivativos cambiais anunciada pelo ministro Guido Mantega na noite desta quarta-feira poderá não surtir efeito sozinha. Segundo o analista Pedro Galdi, da corretora SLW, uma nova desoneração poderá estar a caminho. “A Fazenda pode retirar, por exemplo, o IOF sobre o depósito compulsório para evitar que os bancos fiquem especulando com a variação cambial”, afirma.
O compulsório é um recolhimento que obriga os bancos a depositar parte dos recursos captados dos clientes numa conta do Banco Central. Parte do dinheiro do compulsório pode ser aplicado em dólar. Em 2011, quando o real estava valorizado, o BC criou uma uma trava para reduzir a posição de câmbio “vendida” dos bancos – ou seja, aquelas que apostavam na queda da moeda americana.
Assim, a autoridade monetária, em sintonia com a Fazenda, determinou que os bancos recolhessem ao BC, sob a forma de depósito compulsório, 60% sobre o valor da posição de câmbio vendida que excedesse o menor dos seguintes valores: 3 bilhões de dólares ou o patrimônio de referência (PR) de cada instituição. O objetivo, à época, era avitar as apostas na queda da moeda. Agora, o cenário se inverte. “O governo está usando uma medida atrás da outra porque a situação está piorando. O Fed nem começou a reduzir (os estímulos), mas já assustou os mercados”, afirma Galdi.
Segundo o analista, a retirada do IOF sobre investimentos de renda fixa, anunciada na semana passada, não teve qualquer efeito sobre a cotação do dólar. Tanto que a moeda americana fechou nesta quarta em seu maior valor em quatro anos. “A pressão cambial está em todo o mundo. O Fed jogou muito dólar no mercado com os seus estímulos, mas o temor de que os EUA retirem os estímulos cria uma situação psicológica”, diz.