Proibição de importações na Rússia beneficia magnatas da indústria de alimentos
Empresas de peixe e de carnes estão lucrando com o aumento dos preços dos produtos
Na crescente disputa entre Rússia e Ocidente sobre a Ucrânia, um grupo de empresários com conexões com o Kremlin emerge como possíveis beneficiários das sanções. A Rússia proibiu no início deste mês a importação de carne, peixe, laticínios, frutas e legumes dos Estados Unidos e da União Europeia em retaliação às sanções ocidentais impostas depois que Moscou anexou a região da Crimeia e apoiou rebeldes separatistas que combatem as forças do governo ucraniano. Isso levou ao crescente aumento de preços de alimentos locais na Rússia e abriu uma lacuna em muitos mercados.
Uma empresa de peixes de co-propriedade do genro de um amigo do presidente Vladimir Putin e outra empresa produtora de carne privada que conta com o apoio do Estado, por exemplo, conferem um aumento na demanda por seus produtos. Não foi encontrada nenhuma evidência para sugerir que as proibições foram impostas com o objetivo de ajudar determinados produtores particulares ou que os produtores pressionaram o governo para fazer as restrições. Mesmo assim, os magnatas de alimentos parecem estar se beneficiando de um golpe de sorte. “Os preços no atacado já subiram; eles já estão lucrando”, disse Sergei Lisovsky, senador russo que foi magnata do setor de alimentação.
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Autoridades russas alertaram os produtores de alimentos contra o aumento de preços. Dias após as sanções terem sido impostas, o preço do salmão subiu 60%, para acima de 22 dólares o quilo em algumas lojas. Segundo os distribuidores, os preços de carne e queijo também subirão pelo menos 30%, já que as importações atendiam entre 30% a 50% do consumo local. As ações da empresa de peixe Russkoe More saltaram 70% logo depois das sanções. Gennady Timchenko, magnata de setores como petróleo e bancos e amigo do presidente Vladimir Putin, comprou participação de 30% na empresa em 2011, apostando no aumento da demanda por salmão.
(Com agência Reuters)