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“Processo de impeachment adia retomada da confiança”, diz ex-diretor do BC

Para Luiz Fernando Figueiredo, sócio da gestora de recursos Mauá Capital, a economia brasileira ainda vai piorar antes de vislumbrar uma recuperação

Por Marcelo Sakate Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2018, 10h20 - Publicado em 14 dez 2015, 15h36

Apesar da retração esperada de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, a economia brasileira ainda não chegou ao fundo do poço e a abertura do processo de impeachment vai ter o efeito de adiar, ao menos no curto prazo, o início do processo de recuperação. A avaliação é do economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio fundador da Mauá Capital e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central.

Segundo Figueiredo, os índices de confiança (da indústria, do comércio e do consumidor) em níveis historicamente baixos mostram que a trajetória de queda do PIB vai continuar no próximo ano. Além disso, o processo de impeachment amplia as incertezas políticas enquanto estiver em andamento, independentemente do seu desfecho. “É um fator que impede a volta da confiança. O empresário que pensa em investir observa a situação e fala: ‘Eu não sei o que vai acontecer nos próximos meses. Não vou investir.’ O consumidor que pensa em comprar uma televisão desiste porque ele não sabe se estará empregado.” São custos que não podem ser subestimados pelos políticos, argumenta Figueiredo. “Algumas empresas, dada a perspectiva de que a situação vai demorar a melhorar, podem ser levadas a antecipar demissões que poderiam ser decididas mais à frente.”

O processo de impeachment só será positivo se resultar em um rearranjo político que permita ao governo que emergir dele – seja o da presidente Dilma Rousseff ou o do hoje vice Michel Temer – tomar as medidas necessárias para o ajuste fiscal, o que inclui a aprovação do que for necessário no Congresso. “Um ajuste não só de curto prazo mas perene, para gerar lá na frente a estabilização da relação dívida/PIB. Isso é um pressuposto para que se consiga minimamente restabelecer a confiança. Se isso não acontecer, o país continuará nesse processo recessivo”, diz o economista.

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Diretor de Política Monetária do BC entre 1999 e 2003, Figueiredo diz que a inflação deve começar a ceder do patamar atual de 10,5% ao longo de 2016 dada a recessão em que o país se encontra, mas desde que não haja mais choques como os causados neste ano pela depreciação da taxa de câmbio ou de reajuste de preços administrados (como as tarifas de energia e os combustíveis). Ele diz que é fundamental reequilibrar as contas públicas para que a inflação comece a retomar o caminho do teto da meta, que é de 6,5% ao ano. “A fragilidade na área fiscal deixa o país mais suscetível a esses choques.”

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O economista diz discordar do debate corrente sobre a tese da dominância fiscal, segundo a qual novos aumentos da taxa básica de juros – atualmente em 14,25% – perdem eficiência no combate à inflação por causa do custo elevado sobre a dívida pública. A maior vulnerabilidade fiscal do país levaria a novas rodadas de depreciação cambial, com impacto sobre a inflação. “A verdade é a seguinte: quando se olha qualquer país normal, o instrumento ‘taxa de juros’ é muito importante. E, no fim das contas, é uma consequência do estado da economia. Ou seja, é preciso subir muito mais a taxa de juros quando a economia tem mais fragilidades.” Segundo ele, a taxa de juros hoje é a única ancoragem para que o país não tenha uma situação como a do passado, de inflação muito alta e de desorganização da própria economia.”

Assista à entrevista de Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC:

https://www.youtube.com/watch?v=4vt2RnWBJ-A

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