Preços administrados estão entre vilões da inflação
Itens monitorados por contratos responderam por 17% da alta do IPCA no acumulado de 12 meses até setembro em meio aos reajustes da conta de luz
Apesar do congelamento dos preços da gasolina e das tarifas de transporte, as despesas com preços administrados e bens duráveis estão entre os vilões da inflação este ano. Um levantamento do Bradesco mostra que os itens monitorados por contrato – como os de energia elétrica, gás e combustível – respondem por 17% da alta de 6,75% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no acumulado de doze meses até setembro, enquanto os bens duráveis respondem por 6,3% da alta do indicador no período. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira pelo jornal Valor Econômico.
Dados da Tendência Consultoria apontam que os preços administrados adicionaram 0,9 ponto porcentual ao IPCA entre janeiro e setembro de 2014. No mesmo período de 2013, quando houve redução das tarifas de energia para a população e as indústrias, a contribuição foi nula. A economista Adriana Molinari explica que a contribuição dos itens monitorados por contrato para a inflação aumentou consideravelmente entre 2013 e 2014 devido aos reajustes nas contas de luz. As despesas com energia elétrica subiram 13%, o que corresponde a cerca de 45% da alta de 3,7% dos preços administrados no acumulado do ano.
Já os cálculos do Bradesco mostram que bens duráveis acrescentaram 0,3 ponto porcentual ao IPCA entre janeiro e setembro de 2014, depois de um acréscimo de 0,23 em igual período de 2013. A economista Miryã Bast afirma que, mesmo com a desaceleração da produção e das vendas, o fim das desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, móveis e produtos da linha branca e a desvalorização cambial de 18% acumulada desde 2013 corroboram a maior contribuição do grupo para a inflação.
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Na ponta inversa estão os alimentos. Alimentos consumidos em domicílio responderam por 15,9% da alta do IPCA entre janeiro e setembro de 2014, de acordo com a Tendências Consultoria. Nos últimos dois anos, a alta ficou acima de 20% devido à redução da oferta causada pela seca no meio-oeste dos Estados Unidos em 2012 e pelo excesso de chuvas em 2013.