Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Prazo para captação externa com IOF maior sobe para 2 anos

Até agora, recursos até um ano eram tributados com alíquota de 6%. Com a ampliação do prazo, um volume maior de recursos será tributado

Por Gabriel Castro
6 abr 2011, 18h55

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nessa quarta-feira mais uma medida para tentar conter a entrada de dólares do país. Agora, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para as captações no mercado internacional por parte de empresas e bancos com prazo inferior a dois anos também serão tributados em 6%. Até a semana passada, o prazo para a incidência dessa alíquota era de 90 dias. O governo ampliou, então, o prazo para um ano e puxou a alíquota de 5% para 6%. Com a decisão de hoje, que passa a valer a partir de quinta-feira, o governo pretende reduzir a entrada de dólares no país, já que impõe uma tributação maior para captações de até dois anos.

“Essa medida é para desencorajar a tomada de crédito no exterior para prazos mais curtos”, explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista coletiva dada na noite desta quarta-feira. Ele destacou que o aporte de dólares no Brasil no primeiro trimestre foi o maior dos últimos anos – o saldo líquido (entrada menos saídas) de dólares no período ficou em 35,6 bilhões de dólares. O valor representa ainda pouco mais que o dobro do saldo recorde anterior, de 2006, quando foi contabilizada entrada líquida de 17,7 bilhões de dólares.

O fato é que, como os juros internacionais são bem mais baixos do que os cobrados no Brasil, bancos e empresas tomam dinheiro lá fora e o trazem para o país. Isso, além de estimular a economia, contribui para derrubar a cotação do dólar, prejudicando os exportadores nacionais. Analistas avaliam que a medida adotada pelo governo nessa quarta não deve evitar a desvalorização da moeda americana. Isso porque, apesar da cobrança de IOF para captações de até dois anos, o ganho com a diferença de juros no Brasil e no exterior continuará proporcionando resultados expressivos para os investidores.

Para se ter uma ideia, a Libor, que é a taxa básica para empréstimos corporativos no exterior, está em 0,76% ao ano, ao passo que a Selic (taxa básica de juros brasileira) está em 11,75% ao ano. Sem levar em conta a inflação, a diferença é de 11 pontos porcentuais. “As empresas que realmente investem no Brasil costumam pedir empréstimos no exterior com prazos mais longos. Está sobrando crédito barato fora do Brasil, portanto, o que queremos impedir é a arbitragem”, reconhece Mantega.

Com a percepção de que esse tipo de medida não é suficiente para conter a queda do dólar, o mercado esperava um pacote mais agressivo. Mantega tentou amenizar a frustração do mercado e disse que prefere “errar para menos a errar para mais”. Ele defendeu a aplicação de soluções progressivas: “Tem que ser uma dose que não tenha efeito colateral”.

Continua após a publicidade

Mantega também negou que outras medidas recentes adotadas pelo governo para conter a desvalorização do dólar tenham sido inócuas: “Todas as medidas que tomamos deram resultado. Certamente, se não tivéssemos tomado essas medidas o real estaria mais valorizado”, justificou. Para ele, se o governo não tivesse agido até agora, o dólar já estaria por volta de 1,50 real – cerca de 10 centavos abaixo do índice atual.

Arrecadação – Recentemente, o IOF tem sido a ferramenta do governo também para aumentar a arrecadação. Outra medida anunciada na semana passada foi o aumento do IOF para compras realizadas no exterior. A alíquota passou para 6,38%. O governo afirma que a medida tem por objetivo evitar o endividamento dos brasileiros no exterior. Só que esse argumento já seria discutível, pois o estado não tem a função de cuidar do orçamento das pessoas. O que fica evidente é que o objetivo, de fato, é a necessidade de recursos para bancar os gastos exorbitantes do governo.

Apenas com essa medida dos cartões, a Receita espera arrecadar 800 milhões de reais e, assim, compensar parcialmente os recursos que perderá com a correção da tabela do Imposto de Renda.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.