Por que uma alteração na meta de inflação é malvista por investidores
Conselho Monetário Nacional se reúne nesta tarde para discutir meta de inflação para 2026

Após sinalizações de início do processo de corte de juros pelo Banco Central (BC), o mercado agora mira suas expectativas para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que acontece nesta quinta-feira, 29. Uma preocupação que surgiu nos últimos dias é que o colegiado poderia aproveitar a discussão para ajustar também as metas para 2024 e 2025. O colegiado é formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Oficialmente, a pauta da reunião é a definição da meta de inflação para 2026, mas outros temas podem ser discutidos.
Formado pelo ministro Haddad; pela ministra do Planejamento, Simone Tebet; e pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Geralmente, as decisões ocorrem por consenso, mas, caso haja divergências, são decididas por maioria de voto. “Se metas fossem elevadas, você faria ancoragem das expectativas ao contrário e “resolveria” o processo de desancoragem que o Copom vem sinalizando nas últimas atas”, afirma o analista independente Ricardo Schweitzer. Entretanto, essa hipótese de revisão foi esvaziada ao longo dos últimos dias. “Formou-se juízo dentro do governo de que isso seria pior para ancoragem de expectativas no longo prazo”, diz Schweitzer.
Ainda que a alteração da meta no curto prazo seja uma possibilidade afastada, há quem defenda a discussão. “Não tem clima político para alterar a meta de inflação. Essa alteração a toque de caixa seria muito mal recebida pelo mercado, mas poderíamos falar sobre isso, já que nunca conseguimos atingir o objetivo”, diz Enrico Cozzolino, head de análise da Levante Investimentos.
Tebet sinalizou nesta tarde, antes da reunião, que não irá discutir alteração na meta de inflação. “Nós não estamos discutindo 2024. Nós estamos discutindo 2025 e 2026. Não se fala agora em alteração de meta de inflação. Estamos discutindo outras questões”, disse.
O que está sendo sinalizado mesmo pelo CMN é que vai haver alteração na sistemática de cálculo da inflação. Atualmente, o objetivo do Copom é ter a inflação dentro do intervalo estabelecido no final de cada ano. Haddad já defendeu publicamente que se adotasse outro sistema de apuração, como em outros países, de meta contínua. Ou seja: olha-se para os 12 meses acumulados para aderência ou não da meta de inflação. “Essa hipótese parece ser um cenário provável e deve ser bem recebido pelo mercado: não se mexe na meta e adota uma sistemática que se entende exequível”, afirma o economista.