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Por que os alemães são os consumidores que mais usam dinheiro?

Estudo recente do Fed, o banco central americano, mostra que os consumidores da Alemanha são os que mais usam dinheiro vivo para transações e compras

Por Da redação
Atualizado em 1 nov 2016, 17h32 - Publicado em 1 nov 2016, 13h28

Diferentemente dos consumidores dos outros países, os alemães parecem perfeitamente felizes com o sistema de pagamento tradicional. O país continua sendo uma das economias mais avançadas a preferirem usar dinheiro vivo a cartões, mostrou nesta terça-feira uma reportagem do portal Quartz.

Em média, as carteiras dos alemães têm quase o dobro de dinheiro das de países como Austrália, Estados Unidos, França e Holanda. Os alemães carregam consigo 123 dólares (aproximadamente 393 reais), de acordo com um relatório divulgado recentemente pelo Federal Reserve, banco central americano, sobre como consumidores pagam por produtos em sete países. Do total, 80% das transações na Alemanha são realizadas em dinheiro, até mesmo em pagamentos de grandes transações. Nos Estados Unidos, esse valor é inferior a 50%.

Mesmo sem haver um motivo específico para a preferência ao dinheiro vivo, dados do estudo oferecem algumas dicas. Os entrevistados sugeriram que o uso de dinheiro facilita o controle de seus gastos.

“Um olhar em seu bolso fornece um sinal sobre a extensão das despesas e o orçamento restante. Com uma grande parcela de dinheiro das despesas, a qualidade do sinal é alta. Nós conjecturamos que para alguns consumidores este sinal é de valor e, portanto, eles optam por usar dinheiro”, disseram ao Quartz os analistas do Banco Central Europeu que estudaram o fenômeno.

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É importante lembrar também que sua relação com dinheiro se deve à história monetária tumultuada do país. Durante a hiperinflação da República de Weimar, que atingiu o pico em 1923, os preços subiram cerca de um trilhão de vezes, à medida que a Alemanha tentava pagar suas dívidas de guerra com seu marco desvalorizado. Ao final desse período de inflação nas alturas, uma unidade de pão custava impressionantes 428 bilhões de marcos e um quilo de manteiga sairia por 6 trilhões de marcos.

A reforma monetária de 20 de junho de 1948, na qual os alemães foram forçados a converter seu dinheiro, também foi dolorosa para os consumidores, que perderam quase 90% de suas poupanças.

Hiperinflação

Pesquisadores explicam que pessoas em países que sofreram crises bancárias bastante intensas muitas vezes preferem economizar e usar dinheiro ao invés de colocá-lo em bancos. Bulgária e Romênia, que são países com histórias recentes de instabilidade financeira, por exemplo, têm consumidores que fazem bastante uso de dinheiro vivo.

Mais do que gostar de dinheiro, os alemães, por razões históricas, odeiam dívidas. Há muito tempo, antropólogos descobriram que a palavra alemã para “dívida”, Schulden, tem origem na palavra para “culpa”, Schuld.

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Os indicadores de dívida do consumidor na Alemanha são notavelmente baixos. A aversão alemã à dívida hipotecária é um dos motivos pelos quais o país tem um dos menores números de imóveis próprios do mundo desenvolvido. Apenas 33% dos alemães disseram que tinham cartão de crédito em 2011. Desses, a maioria admitiu que ainda não tinha se acostumado. Em 2013, apenas 18% dos pagamentos na Alemanha foram realizados por meio de cartões, em comparação aos 50% na França e 59% no Reino Unido.

A preferência nacional por dinheiro mostra a aversão à dívida, que, por sua vez, pode ser interpretada como um sinal de profunda dúvida sobre o futuro. Os empresários alemães são conhecidos por seu pessimismo sobre o futuro. E, de acordo com a reportagem, o medo do futuro, está enraizado no passado. Em outras palavras, a tendência alemã de liquidar em dinheiro reflete o fato de que, durante grande parte do último século, a Alemanha esteve à beira do desastre ou lutando para se recuperar dele.

(Da redação)

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