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Por que o presidente do BC de Bolsonaro pode respirar aliviado com Lula

Em caso de vitória nas urnas, a alta cúpula petista está decidida em não intervir nos rumos da autarquia monetária, comandada hoje por Roberto Campos Neto

Por Victor Irajá, Felipe Mendes Atualizado em 21 abr 2022, 13h15 - Publicado em 20 abr 2022, 14h36

Não é raro um expoente petista flertar com o atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Em várias oportunidades em que assessores econômicos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiram que, se o ex-mandatário for elevado pela terceira vez à Presidência da República, as relações com o neto do economista liberal Roberto Campos — indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao posto — seriam cordatas e republicanas.

Assessores e ex-membros de governos petistas admitem, em conversas privadas, que Lula não se opõe a uma gestão liberal da política monetária — e até suspira aliviado com a diminuição das pressões, caso eleito, pela mudança na presidência da autarquia, já que, com a aprovação da autonomia do Banco Central, no começo de 2021, o petista poderia terceirizar a responsabilidade para que Campos Neto adotasse políticas que agradem ao mercado e fomentem a economia sem populismo, blindando-se das críticas da base eleitoral mais à esquerda no espectro ideológico.

Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA, em janeiro, o ex-ministro Guido Mantega elogiou a atual gestão do presidente do BC. “O Roberto Campos faz um bom trabalho. Em 2020, ele seguiu o que o Banco Central Europeu e o Federal Reserve fizeram. Me parece um homem inteligente, corajoso e conversável”, disse. E as cortesias ao atual presidente da instituição não deveriam ser surpresa para ninguém. Recentemente, em jantar com empresários e investidores, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também fez elogios a Roberto Campos Neto, e reiterou que o partido, caso volte ao poder, não fará qualquer movimento para intervir no comando da autarquia monetária.

Durante sua estada no Palácio do Planalto, Lula elevou o economista Henrique Meirelles ao comando do Banco Central. A um ano da eleição de 2010, quando lançaria Dilma Rousseff como sua sucessora, o ex-presidente flertou com a demissão de Meirelles do posto, para substituí-lo pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo no comando da autoridade monetária. Na ocasião, Lula chamou o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para uma conversa, revelando sua decisão de substituir Meirelles por Belluzzo.

Lula pediu a Palocci que conversasse com Meirelles. O ministro, então, sugeriu que a demissão se desse em um ato honroso, com pompa e festança, para homenagear o bom trabalho de Meirelles no comando da autarquia. Depois de ser comunicado por Palocci da decisão de Lula, Meirelles solicitou uma audiência com Lula para pedir demissão. Durante a conversa, Lula, no entanto, recuou. Teria dito a Palocci que Meirelles era “o cara certo” para dar continuidade à política monetária. Não por acaso. Auxiliares do petista garantem que, apesar das boas relações com Belluzzo e com demais economistas “heterodoxos”, Lula sabe que, “na hora do vamos ver”, são os ortodoxos que resolvem.

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