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Por que o mercado nem ligou para a tesourada nos ratings da zona do euro

A S&P apenas moveu as notas para um nível que já era precificado pelos investidores

Por Gustavo Kahil
16 jan 2012, 17h03

A sexta-feira 13 foi emblemática para lembrar dos problemas que ainda assombram a zona do euro e minam as perspectivas para a economia global. Apesar do aparente otimismo nas primeiras sessões do ano, o corte do rating de 9 dos 17 países da região pela Standard and Poor’s e o fracasso das negociações do governo grego com os credores deixaram os investidores com uma pulga atrás da orelha.

Mas a reação dos mercados hoje à tesourada nas notas foi morna e as bolsas na Europa apresentaram valorização. Em um outro teste, os investidores também mostraram pouco caso com o assunto. A França, um dos países que perdeu o grau máximo de classificação da dívida, o AAA, conseguiu vender 8,59 bilhões de euros em títulos de curto prazo com um juro ligeiramente menor que a colocação anterior.

“Os rebaixamentos da Standard & Poor’s vieram sem uma grande surpresa. Tudo o que a S&P fez foi mover as notas desses países para níveis que os mercados já estavam precificando. A agência também mencionou a falta de coordenação política como uma razão para a revisão, mas isso não era um segredo e algo que os investidores já sabiam”, diz Bob Jolly, chefe da análise macroeconômica do banco Schroders, em um relatório.

Grécia – O fracasso nas negociações entre a Grécia os credores da sua dívida teve menos alarde na sexta-feira, mas é visto com mais cautela pelos mercados. Atenas tem poucas semanas para encontrar uma solução antes do pagamento de 14,6 bilhões de euros em títulos no dia 20 de março. Sem isso, o país não conseguirá os 130 bilhões de euros em fundos necessários para pagar os títulos e será obrigado a promover um calote desorganizado.

Desorganizado porque, para muitos, o acordo com os credores é, na prática, um calote organizado. Os termos pedem que os investidores aceitem perder 50% do valor dos títulos (o chamado haircut) e perdoem 100 bilhões de euros em dívidas, o que seria suficiente para diminuir o endividamento do país para 120% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2020. O problema é que a situação da Grécia piorou e um pacto agora precisa ser reavaliado.

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O Instituto para Finanças Internacionais (IIF), que representa a maior parte dos credores, disse na sexta-feira que a Grécia e a zona do euro precisam apresentar uma proposta aceitável para o melhor interesse de todos. Olivier Bailly, porta-voz da União Europeia afirmou hoje que as “conversações serão retomadas em breve e nós estamos confiantes que eles as concluirão rapidamente”.

Interpretação – Apesar da reação calma dos mercados financeiros, a ação da S&P é mais um lembrete para os líderes da zona do euro sobre a necessidade de implementar medidas de austeridade fiscal que convençam e impeçam o contínuo crescimento do endividamento dos países. E, além disso, criem mecanismos de punição aos que desrespeitarem as regras.

“Não é a crise, os rebaixamentos ou o calote que importam aos economistas. É a reação à crise que é crítica. Os problemas precisam impulsionar uma maior cooperação e integração se o euro quer ser transformado em uma união monetária funcional. O que sabemos claramente agora é que ele não funciona”, diz Paul Donovan, economista global do UBS, em um relatório.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que enfrenta eleições em três meses, prometeu no domingo anunciar reformas no final do mês. “A crise pode ser superada desde que tenhamos o desejo coletivo e a força para reformar nosso país”, ressaltou durante um discurso.

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