Por que empresas começaram a permitir animais no trabalho
Benefícios de lugares pet friendly incluem diminuição de estresse e maior comprometimento
Com o objetivo de deixar o escritório de advocacia mais informal, Andrea Giugliani, de 39 anos, começou a levar seu cachorro para o escritório em São Caetano do Sul, no ABC paulista.
“Desde que eu peguei o Theobaldo, há seis anos, comecei a levá-lo para o escritório”, conta a advogada sobre seu cão da raça golden retriever. “Ele é superdócil e não queria deixá-lo em casa. Percebi que os colaboradores e os clientes que visitam o escritório adoravam e o ambiente ficava mais animado”, diz. Certa vez, um cliente optou por seu escritório quando viu, no site da empresa, a foto de Theo. “O cliente disse que a pessoa que tem cachorro é mais confiável.”
De acordo com o estudo realizado pela Virginia Commonwealth University, nos Estados Unidos, o melhor amigo do homem pode trazer benefícios ao local de trabalho, incluindo redução de estresse, além de deixar o trabalho mais satisfatório para os funcionários.
O estudo comparou colaboradores que levavam seus cachorros ao trabalho, os que não levavam e os que não possuem pets nas áreas de estresse, satisfação profissional, comprometimento e apoio. “As diferenças de estresse entre os dias em que os cachorros não estão presentes são significativas”, disse Randolph T. Barker, PhD e professor responsável pela pesquisa.
Em São Paulo, alguns espaços de coworking aderem ao pet friendly e o escritório do Google permite que seus colaboradores levem seus cachorros desde 2013, Mas é preciso respeitar algumas regras, como tamanho do animal. O dono precisa ser capaz de carregar o cachorro dele no colo em caso de emergência. Outro quesito é a concordância: os colegas precisam estar de acordo com a presença do animal.
A head de RH da empresa, Mônica Santos, explica que levar animais de estimação para o trabalho deixa os funcionários mais felizes. “E também mais relaxados, produtivos e criativos.”
Ambiente preparado
Para o escritório receber os pets é necessário um espaço mínimo e regras de bom convívio para evitar acidentes, além de obedecer as normas do condomínio, caso o ambiente seja em um edifício corporativo, por exemplo. “Há empresas que adotam o pet day, ou seja, é eleito um dia da semana para os funcionários levarem os seus animais de estimação”, explica a veterinária Patrícia Moraes, CEO e fundadora da Pet at Work, empresa de consultoria especializada em pet friendly. Ela cita como benefícios a melhora no relacionamento interpessoal, a diminuição de turnover e de estresse, maior motivação e comprometimento com a empresa.
Diretor clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira, Mario Marcondes vai além. Ele explica que a presença do animal traz, de forma lúdica, a liberação de endorfina, substância responsável pela sensação de bem-estar. “Os cachorros são usados em visitas a hospitais, asilos e agora em escritórios e são um facilitador em ambientes com muito estresse ou que precisam de criatividade”, diz Marcondes. Segundo ele, os cachorros são mais fáceis de se adaptar do que os gatos, pois estes são mais independentes e não interagem tanto.
Antes de começar a levar os animais a escritórios, porém, é preciso se certificar se ele está com a saúde adequada. “É importante que ele passe por uma consulta com o veterinário para saber se ele foi vacinado, vermifugado, não tenha dor nem lesões de pele, enfim, se é um animal saudável”, completa o especialista.
Outra dica é a escolha da raça. O golden retriever de Andrea é dócil, diferentemente de animais de guarda, como rottweiler ou o pastor alemão. Caso o cachorro não esteja acostumado com pessoas, há treinamentos específicos para lidar com essas situações. “No hospital, iniciamos esse tipo de treinamento. Com três ou quatro sessões, de uma hora cada uma, é possível corrigir algumas situações”, completa o diretor do Hospital Veterinário.
Além da ração e da água, vale levar a caminha do cachorro e alguns brinquedos para ele se sentir seguro em um ambiente amigável.