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Por que a Suíça é uma das chaves para as sanções econômicas à Rússia

Tradicionalmente neutra, nação adota pacote de sanções da União Europeia e bloqueia negócios russos, restringindo poder dos russos de fazer negócios

Por Larissa Quintino Atualizado em 2 mar 2022, 09h16 - Publicado em 28 fev 2022, 16h34

O Ministério das Finanças da Suíça tomou uma postura histórica nesta segunda-feira, 28. Tradicionalmente neutro, o país anunciou que adotará o mesmo pacote de medidas da União Europeia, bloqueando ativos de oligarcas e de empresas russas. As sanções de congelamento de fundos do Vladimir Putin, o primeiro-ministro Mikhail Mishustin e o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov,  também foram adotadas, assim como o fechamento do espaço aéreo com efeito imediato, e fechou seu espaço aéreo para a maioria das aeronaves russas, inclusive jatos particulares, evitando o entra e sai de milionários russos ao país.

Apesar da Suíça não ser um grande parceiro comercial russo, ficando em 23º na balança comercial com o país de Putin de acordo com a agência Reuters, os bancos de lá são a chave dos negócios russos. Segundo a imprensa suíça, cerca de 80% dos negócios russos de petróleo e gás são feitos no país. Os russos detinham quase 10,4 bilhões de francos suíços (cerca de 57 bilhões de reais) no país em 2020, segundo o banco nacional do país. Além disso, a Suíça é um importante ponto para fechamento de negócios de gás e petróleo com outros países.

“Em vista da contínua intervenção militar da Rússia na Ucrânia, o Conselho Federal tomou a decisão em 28 de fevereiro de adotar os pacotes de sanções impostos pela UE em 23 e 25 de fevereiro”, disse o governo em comunicado. “A Suíça reafirma sua solidariedade com a Ucrânia e seu povo; entregará suprimentos de emergência para pessoas que fugiram para a Polônia”, disse o governo, renovando sua oferta de mediar a disputa, apesar de seu inédito posicionamento. Em 2014 quando a Rússia invadiu a Crimeia, a Suíça não adotou sanções contra bancos e oligarcas russos apesar da decisão da União Europeia e dos Estados Unidos.

O comércio de commodities permaneceu praticamente intacto, já que isso não foi coberto pelas sanções da UE até agora, disse o ministro das Finanças, Ueli Maurer. Porém, caso o país continue alinhado à União Europeia e às sanções cresçam, o país pode ser facilmente bloqueado de transações internacionais. Fazer negócios na Suíça é uma das formas de burlar punições do sistema de transações Swift, porém, caso o bloqueio das instituições seja total, os russos terão mais dificuldade para concluir transações internacionais. 

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A decisão anunciada nesta segunda-feira veio após dias de críticas da União Europeia. Até então, o país que não é parte do bloco havia adotado medidas mais brandas, como impedir a abertura de novas contas bancárias de russos no país, mas sem congelar as existentes. A UE pediu na sexta-feira que a Suíça seguisse as punições do bloco ao Kremlin, porque, apesar de não ser um estado membro da União Europeia, é parte da Europa.

Mudança de rumo

No fim de semana, o presidente suíço, Ignazio Cassis, tuitou que havia falado com o colega ucraniano Volodymyr Zelenskiy para expressar seu apoio e solidariedade, mas sem mencionar sanções. Nessa segunda, Cassis então convocou uma entrevista coletiva para anunciar as medidas.“É uma ação sem paralelo da Suíça, que sempre se manteve neutra antes”, disse a repórteres. “O ataque da Rússia é um ataque à liberdade, um ataque à democracia, um ataque à população civil e um ataque às instituições de um país livre. Isso não pode ser aceito em relação ao direito internacional, isso não pode ser aceito politicamente e isso não pode ser aceito moralmente”, acrescentou Cassis.

A tradição diplomática da Suíça, que sedia uma série de organizações internacionais como a OMS, OIT, Fifa e Comitê Olímpico Internacional, já foi usada para mediar a crescente tensão entre os russos, ucranianos e o ocidente. Em junho passado, o país sediou uma cúpula em junho entre Putin e o presidente dos EUA, Joe Biden, e depois conversações entre Lavrov e o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken.

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