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Por que a dona da JBS comprou a dona da Havaianas?

A Alpargatas, com marca forte e presença global, apresentou-se como bom negócio para a J&F - e sua venda é mais um revés para a Camargo Corrêa, alvo da Operação Lava Jato

Por Luís Lima 23 nov 2015, 17h26

O grupo de investimentos J&F diversificou ainda mais o seu portfólio de operações ao comprar, nesta segunda-feira, a fabricante de calçados e vestuário Alpargatas, dona da marca de sandálias Havaianas, por 2,67 bilhões de reais. A carteira de negócios do grupo é diversificada. Ela inclui os setores de alimentação (JBS e Vigor), cosméticos e limpeza (Flora), papel e celulose (Eldorado), agropecuária (Oklahoma e Floresta), financeira (Banco Original) e de televisão, o Canal Rural. Agora, a controladora do maior frigorífico do mundo vai ser dona de uma famosa marca de chinelos. Por quê?

A nova aquisição da J&F pode parecer um ponto fora da curva em um conglomerado que já tem empresas que, aparentemente, não têm muita correlação entre si. Mas a oportunidade de um bom negócio se impôs – e muito por causa do envolvimento da Camargo Corrêa, até então controladora da fabricante de calçados, nas investigações da Operação Lava Jato. A Alpargatas é, afinal, uma marca forte, das poucas de origem brasileira com maciça presença global. Além disso, as finanças da outrora problemática Alpargatas estão equilibradas e a empresa tem potencial de expansão.

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Além disso, a J&F pode “agregar valor” em diversos departamentos da Alpargatas, a exemplo do que já faz com a gigante JBS, afirmou uma pessoa com conhecimento do negócio. “Agregar valor”, no caso da Alpargatas, inclui aumentar os resultados de áreas como produção, pesquisa e desenvolvimento e distribuição, incluindo a online, segundo essa fonte. “Do ponto de vista financeiro, é uma empresa com boa geração de caixa e baixo nível de alavancagem (endividamento)”, acrescentou a fonte.

A Alpargatas, dona de marcas consolidadas, como a Havainas e Osklen, tem operações na Argentina, Estados Unidos e Europa e é a maior empresa de calçados da América Latina. A aquisição, no entanto, não deve alterar o negócio principal da J&F, que é o setor de alimentos, puxado pelo carro-chefe, a JBS. “Em tese, essa alteração na estrutura de capital não provocará mudanças. Não se espera que, com a compra, haja algum sinal para o mercado de que mudará a gestão da empresa ou a estratégia nos negócios”, explica Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora. “O que ocorreu foi apenas a venda de posição da Camargo Corrêa para a J&F.”

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Para Paulo Figueiredo, diretor de operações da FN Capital, ainda que a J&F não tenha experiência no setor de moda e vestuário, a diversificação é positiva. “Acredito que a empresa buscará no mercado pessoas capacitadas para fazer a gestão dessa área no grupo. Certamente foi um investimento muito bem estudado, e não um tiro no escuro”, afirmou.”

De largada, o mercado parece não ter recebido a novidade muito bem. As ações preferenciais (PN) – sem direito a voto – da Alpargatas, caíram quase 8% nesta segunda-feira. Os papéis da JBS, por sua vez, subiram 1,06%.

A Camargo Corrêa, que está presente no capital da Alpargatas desde 1982, sofre as consequências das investigações da Operação Lava Jato. Com caixa sobrando e atenta a oportunidades, a J&F aproveitou-se do momento em que, a exemplo de outras, a empreiteira está se desfazendo de ativos considerados alternativos para fazer caixa e concentrar as forças na área de infraestrutura.

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