WASHINGTON, 30 Mar (Reuters) – Produtores norte-americanos vão semear 95,9 milhões de acres com milho neste ano, a maior área em 75 anos, influenciados pelos bons preços da commodity, de acordo com previsões divulgadas nesta sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
O aumento no plantio dos EUA, o maior produtor mundial de milho, poderá resultar em um safra recorde, se o clima colaborar. O crescimento da semeadura do cereal foi estimado em meio a surpreendentes reduções nas áreas para a soja e trigo de primavera no país do hemisfério norte.
Uma pesquisa anual de perspectivas de plantio feita pelo USDA mostrou que produtores vão plantar quantidades recordes de milho em Iowa, Minnesota, Dakota do Norte, Dakota do Sul e Idaho. Nacionalmente, a perspectiva é de aumento de 4 por cento ante o ano passado, superior também às expectativas dos analistas, de 94,72 milhões de acres.
A dramática expansão eleva a esperança de que a próxima colheita possa amenizar os apertados estoques que têm mantido os preços do milho próximos das máximas históricas.
Em outro relatório, o USDA apontou que os estoques no dia 1o de março estavam menores do que o esperado.
“Olhando à frente, será tudo relacionado ao clima no plantio”, disse Don Roose, presidente da U.S. Commodities.
A semeadura de soja deverá cair 1 por cento ante o ano passado para 73,9 milhões de acres, aumentando as preocupações sobre o aperto das ofertas globais da oleaginosa, devido às colheitas ruins na América do Sul.
Analistas esperavam que o plantio de soja aumentasse para 75,393 milhões de acres.
“A área deve ser trocada por milho”, disse o USDA.
Os produtores estão se concentrando no milho porque os preços continuam historicamente elevados, depois de terem atingido máxima recorde no ano passado, com a forte demanda que sugou a oferta. O aumento no plantio deve ajudar a impulsionar as ofertas, que estão previstas para cair ao nível mais baixo desde meados de 1990 no final do ano comercial da safra, em setembro.
Se previsão do USDA se realizar, será a maior área com milho desde 1937, quando cerca de 97,2 milhões de acres foram semeados.
Os dados do USDA elevaram os futuros dos grão na bolsa de Chicago, com a soja sendo negociada no maio nível em seis meses.
OUTRAS SAFRAS
O UDSA estima que os produtores vão plantar 12 milhões de acres de trigo de primavera, sem contar o tipo durum, com um número recorde de baixa de acres semeados na Dakota do Sul. Isso representa uma queda de 3 por cento ante o ano passado, abaixo da estimativa média do mercado, de 13,313 milhões de acres.
A estimativa do USDA para a área total de trigo de 55,9 milhões de acres é de alta de 3 por cento em relação a 2011, mas bem abaixo da estimativa média de analistas, de 57,422 milhões de acres.
Produtores pretendem plantar 13,2 milhões de acres de algodão, 11 por cento a menos do que no ano passado e 2,56 milhões de acres de arroz, em queda de 5 por cento.
As estimativas de área implicam uma colheita de milho de 14,5 bilhões de bushels, uma colheita de soja de 3,2 bilhões de bushels, a de trigo em 2,1 bilhões de bushels e a colheita de algodão de 18 milhões de fardos, de acordo com cálculos da Reuters, que assumem um número normal de acres abandonados e um clima e rendimentos normais.
OFERTA APERTADA
Os estoques de milho dos Estados Unidos estavam 8 por cento menores que um ano atrás, apontou o governo, com o consumo crescendo mais rápido do que os traders esperavam.
No relatório trimestral, o USDA informou que haviam 6,009 bilhões de bushels de milho estocados no país em 1o de março, 2 por cento menos do que os traders esperavam.
Cerca de 3,6 bilhões de bushels foram consumidos no trimestre, equivalente a 30 por cento da safra 2011.
Os traders estimavam que o consumo seria 4 por cento menor do que o USDA projetou. A pesquisa do departamento foi feita com 84.500 produtores e 8.900 estabelecimentos comerciais de armazenagem.
Os estoques da soja foram estimados em 1,372 bilhão de bushels, aumento de 10 por cento sobre um ano atrás e 1 por cento menor que a expectativa de traders.
Os estoques de trigo foram apontados no período em 1,201 bilhão de bushels, queda de 16 por cento ante um ano atrás e 2 por cento menor do que os traders esperavam.
(Reportagem de Tom Polansek e Charles Abbott)