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PIB: por que o saldo positivo não anima o setor de serviços

Os efeitos que levaram ao crescimento não devem perdurar, ao considerar a inflação e taxa de juros

Por Renan Monteiro Atualizado em 2 jun 2022, 18h04 - Publicado em 2 jun 2022, 15h12

O crescimento do PIB brasileiro no 1º trimestre teve os serviços e o consumo das famílias como alicerce, mas o setor não se anima e corrobora o raciocínio de que o fôlego é de curto prazo. Uma tendência de avanço para o segundo semestre de 2022 tem pouca sustentação, ao serem considerados os efeitos da política do Banco Central, como sucessivas elevações da taxa de juros, bem como a difícil tarefa de conter a inflação significativamente em pouco tempo. “A tendência é não ter uma reversão da inflação no curto prazo e isso vai provocar estrago no segundo semestre. Existe, também, repercussão retardada da política monetária que só vai ser sentida na segunda metade de 2022. Seguramente, o segundo semestre deve ser mais fraco”, diz Fabio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC.

Na comparação com o quarto trimestre de 2021, o PIB do Brasil cresceu 1%. Em análise global, o saldo positivo levou o país a ficar em 8º em ranking de crescimento de 32 países, segundo a agência Austin Rating. O resultado não foi surpresa para o mercado, que inclusive esperava crescimento maior, em torno de 1,2%. A recuperação do mercado de trabalho, bem como os estímulos à renda (FGTS e o 13° salário de aposentados e pensionistas), devem continuar ajudando no crescimento do segundo trimestre, mas não no restante do ano.

O motivo é, de fato, a grande elevação da taxa de juros. Em junho de 2021, a Selic estava em 3,5%, e atualmente fica em 12,75%, observando a última revisão. Mesmo que o Banco Central reduza os juros nos próximos meses, os efeitos negativos dos aumentos prévios (sucessivos, desde março de 2021) ainda serão sentidos na atividade econômica por um bom tempo. A inflação, por sua vez, está em 12,13% no acumulado de 12 meses, segundo a última revisão. Já os estímulos extraordinários do Governo (como FGTS) têm atuação provisória em contornar a escala de preço e aumentar a demanda. Os saques têm período de liberação entre abril e junho.

O boom na demanda no setor de serviço, após as restrições sociais, também não conta com a garantia de ser sustentável até o segundo semestre. Embora nos três primeiros meses de 2022 a taxa de câmbio tenha recuado 15,1% e favorecido as exportações (um destaque do PIB), a volatilidade do real também não traz garantia de maiores retornos para o Brasil na segunda metade do ano.

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Inflação importada 

O principal fator de impacto na inflação atual “não está sob o controle do Banco Central”, na avaliação do economista da CNC, Fabio Bentes. Os choques da Guerra na Ucrânia, sem sinais de arrefecimento, e os problemas de logística na cadeia global em função dos resquícios da pandemia e de novos lockdowns na China, pressionam a inflação em diversos países. “Claro que existem fatores internos aqui, mas é muito difícil o Banco Central no Brasil trazer, em curto prazo, as expectativas de inflação para perto do centro da meta. É um trabalho árduo, alcançando no longo prazo”, avalia Bentes.

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