PIB brasileiro não acelera e cresce apenas 0,2% no 1o tri–IBGE

RIO DE JANEIRO, 1 Jun (Reuters) – A economia brasileira começou o ano sem acelerar, como queria o governo, com resultado abaixo do esperado pela equipe econômica e pelo mercado. No primeiro trimestre deste ano, o PIB do país cresceu apenas 0,2 por cento quando comparado com o quarto trimestre de 2011.
Segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, em relação ao mesmo período do ano passado, o Produto Interno Bruto registrou expansão de 0,8 por cento no último trimestre.
O IBGE revisou para baixo a expansão do PIB no quarto trimestre de 2011 sobre o terceiro, de 0,3 para 0,2 por cento, mas apesar disso manteve a expansão de todo o ano passado em 2,7 por cento.
Os setores que contribuíram para o resultado positivo no trimestre passado foram indústria, com expansão de 1,7 por cento sobre outubro-dezembro de 2011, e serviços, com alta de 0,6 por cento. O setor agropecuário, no entanto, teve um tombo de 7,3 por cento.
O bom desempenho da indústria veio porque, para o resultado do PIB, o IBGE considera o valor adicionado pelo setor no período. Já para o indicador de produção industrial, que vem apresentando quedas, o instituto faz seus cálculos com base no volume produzido.
O IBGE informou ainda nesta sexta-feira que a formação bruta de capital fixo (FBCF) -uma medida de investimento- recuou 1,8 por cento no trimestre passado, ante o quarto trimestre de 2011. A taxa de investimento em relação ao PIB ficou em 18,7 por cento, enquanto um ano antes ela estava em 19,5 por cento.
O consumo do governo, por outro lado, cresceu 1,5 por cento, enquanto o das famílias, 1,0 por cento.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2011, o consumo das famílias aumentou 2,5 por cento e o do governo 3,4 por cento. Já a FBCF caiu 2,1 por cento nessa comparação.
O desempenho dos setores nesta comparação, mostrou crescimento de 1,6 por cento nos serviços e de apenas 0,1 por cento da indústria, enquanto a agropecuária despencou 8,5 por cento.
DIFICULDADES
A economia titubeante tem sido o calcanhar de Aquiles do governo Dilma Rousseff neste início de ano sobretudo devido ao desempenho da indústria. Afetada pela crise internacional mais aguda e pela desaceleração do crédito no mercado interno, a atividade ainda mostrou sinais de cansaço nesses primeiros meses.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia afirmado à Reuters que o PIB brasileiro teria crescido entre 0,3 e 0,5 por cento no trimestre passado, quando comparado com outubro e dezembro passados, e que a atividade já estava acelerando. Nenhuma das duas previsões se confirmou.
Segundo pesquisa da Reuters, a mediana de previsões de 29 analistas mostrava que o PIB brasileiro teria crescido 0,5 por cento no primeiro trimestre de 2012 ante o período anterior. Sobre janeiro a março de 2011, as contas apontavam expansão de 1,3 por cento, pela mediana de 25 previsões.
Na véspera, o IBGE informou que a produção industrial do país caiu 0,2 por cento em abril frente a março, a segunda queda seguida e a terceira variação negativa mensal no ano. Na comparação com abril de 2011, a produção diminuiu 2,9 por cento, oitava contração seguida.
Por conta disso, o governo tem adotado diversas medidas de estímulos, como a redução da Selic ao menor nível histórico -de 8,50 por cento ao ano-, desonerações fiscais e liberação de mais crédito.
A última ação foi definida na quinta-feira, quando o governo elevou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), entre outros, de motos importadas ou que não sejam produzidas na Zona Franca de Manaus para proteger os fabricantes no país.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier e Diogo Ferreira Gomes)