Petrobras vai deixar de pagar participação nos lucros a partir de 2020
Empregados terão PLR substituído por programa de 'meritocracia'. Pagamentos só serão feitos quando lucro da petroleira for de mais de R$ 10 bilhões
A diretoria da Petrobras anunciou aos empregados que não vai mais pagar participação nos lucros (PLR) a partir de 2020. O benefício será incorporado a um novo programa de remuneração variável, que apenas será distribuído nos anos em que a empresa registrar lucro de pelo menos 10 bilhões de reais.
As mudanças foram aprovadas pelo conselho de administração na semana passada e comunicadas aos funcionários via intranet, na última segunda-feira, 25. “Alinhado ao Plano de Negócios e Gestão, o programa valorizará a meritocracia e trará flexibilidade para um cenário em que a empresa busca mais eficiência e alinhamento às melhores práticas de gestão”, diz o comunicado interno.
Caso o programa já estivesse vigente, os empregados da companhia não teriam recebido PLR entre 2014 e 2017, anos que a companhia acumulou prejuízo por conta de denúncias de corrupção da Operação Lava Jato. Nos quatro anos, o prejuízo acumulado foi de 61,6 bilhões de reais.
Com essa medida, a empresa encerrou unilateralmente a negociação que mantinha com sindicatos desde o ano passado. Num primeiro momento, ainda no governo de Michel Temer e presidência de Ivan Monteiro, a petroleira tentava condicionar o pagamento da PLR ao alcance de metas financeiras. A intenção era que, em anos de prejuízo ou quando o endividamento estivesse muito elevado, o benefício não fosse distribuído.
Até então, o PLR era calculado a partir de métricas operacionais. Se as metas das principais áreas fossem atingidas, os funcionários eram remunerados, independentemente do resultado financeiro alcançado no ano. O argumento dos sindicatos para defender esse modelo sempre foi que o pessoal de chão de fábrica não tem ingerência sobre questões financeiras e, por isso, não poderia ser penalizado por métricas que dizem respeito ao caixa .
O presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirmou que a entidade ainda avalia como se posicionará.