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Petrobras usará dados da Lava Jato em balanço e valor de perdas deverá cair

Para contabilizar perdas com corrupção e contabilizá-las nos balanços trimestrais, estatal vai recorrer aos valores "oficiais" da Operação Lava Jato

Por Da Redação
20 mar 2015, 11h12

A direção da Petrobras encontrou a fórmula para destravar o nó de seu balanço financeiro. A estatal vai recorrer aos valores “oficiais” da Operação Lava Jato para incluir nos balanços dos terceiro e quarto trimestres do ano passado as perdas decorrentes de corrupção. A companhia requereu e obteve de todas as instâncias judiciais todos os documentos ligados aos ilícitos, com os respectivos valores dos desvios.

Segundo a Agência Estado, ainda não se sabe o valor a ser incluído no balanço, apenas a informação de que será “infinitamente menor” do que os 61 bilhões de reais que a diretoria anterior sugeriu como perdas. No relatório financeiro passado, a empresa comunicou que ativos investigados no âmbito da Operação Lava Jato estavam avaliados em 88,6 bilhões de reais acima do valor real de mercado. Por outro lado, 21 dos 52 ativos analisados estavam com valor contábil inferior ao valor justo em 27,2 bilhões de reais. Assim, fazendo a conta entre os que valem mais e menos, a empresa poderia anunciar perdas contábeis de 61 bilhões de reais.

Porém, pelos números divulgados pelo Ministério Público Federal (MPF), os crimes já denunciados envolvem o desvio de, aproximadamente, 2,1 bilhões de reais. Na primeira instância, são cobrados 4,47 bilhões de reais por desvios de recursos, multas e indenização por danos morais coletivos. Por meio de uma cooperação internacional, o Ministério Público conseguiu bloquear 1,3 bilhão de reais em contas na Suíça de personalidades supostamente envolvidas no esquema. Não há como somar os valores, porque as cifras referem-se a diferentes eventos e pode haver duplicidade de contagem. Além disso, cada órgão está numa etapa da investigação.

A Petrobras trabalha não com os valores divulgados pela imprensa, mas com dados repassados diretamente pelas esferas judiciais. Está cruzando todas as cifras para, a partir daí, chegar a uma conclusão de quanto, comprovadamente, foi o desvio de recursos da empresa. O balanço, segundo fontes envolvidas nos estudos, deve ser publicado ainda este mês ou no início de abril. Os valores desviados em atos sob suspeita de corrupção devem ser incluídos integralmente como perdas no balanço nos terceiro e quarto trimestres do ano passado.

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A perda contábil vai reduzir drasticamente o lucro da companhia. Com isso, serão muito baixos os dividendos relativos ao exercício de 2014. Há até mesmo a possibilidade de não haver distribuição de dividendos – o que ocorre quando uma empresa registra lucro muito baixo ou quando o resultado do ano é negativo. No ano de 2013, o lucro foi de 23,6 bilhões de reais e seguiu a ordem de grandeza dos últimos anos. O que significa que, para zerar o lucro de 2014, as perdas da companhia teriam de equivaler a 20 bilhões de reais.

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Alavancagem – Uma das preocupações da Petrobras é de que a baixa contábil deve levar a uma redução de seu patrimônio. Seu nível de endividamento proporcionalmente ao patrimônio ficará muito elevado – o que indica um grande aumento de risco para os investidores. Em setembro do ano passado, segundo o balanço divulgado, mas não auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC), a Petrobras tinha dívida líquida de 261,445 bilhões de reais e dívida bruta de 331 bilhões de reais.

Sua dívida já correspondia a mais de 4,6 vezes o lucro antes do pagamento de juros, impostos e amortizações (Ebitda). Essa proporção é limitada a um referencial de 3,5 vezes para as empresas detentoras de grau de investimento – aquelas com baixo risco para investidores. No mês passado, a companhia perdeu o grau de investimento e foi rebaixada a grau especulativo pela classificadora Moody�’s.

(Com Estadão Conteúdo)

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