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Petrobras anuncia lucro de R$ 5,33 bi no 1º trimestre

Depois de um prejuízo de 21,58 bilhões de reais em 2014, empresa começa o ano no azul graças à elevação dos preços dos combustíveis

Por Da Redação
15 Maio 2015, 18h21

Menos de um mês depois de reportar prejuízo de 21,58 bilhões de reais referente ao ano de 2014, a Petrobras anunciou nesta sexta-feira um lucro de 5,33 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano, queda de 1% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Segundo a Petrobras, a elevação dos ganhos decorre dos reajustes de 5% no preço do diesel e de 3% no preço da gasolina ocorridos em 7 de novembro de 2014.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, indicador que melhor dimensiona a capacidade da companhia de obter ganhos, totalizou 21,51 bilhões de reais no primeiro trimestre, elevação de 50% em relação ao mesmo intervalo de 2014. Já a receita líquida atingiu 74,35 bilhões de reais, queda de 8,8% na comparação com o ano passado. Apesar da melhora dos indicadores financeiros, o endividamento total da empresa subiu 14% em relação ao final de 2014, para 400 bilhões de reais.

A Petrobras informou que o resultado também reflete os diferentes efeitos provocados pela variação cambial nos números da companhia. O dólar valorizado ajuda a impulsionar a receita com exportações, porém torna a importação de combustíveis mais onerosa. Além disso, a valorização da moeda norte-americana no decorrer do trimestre impacta negativamente o resultado financeiro da estatal, já que grande parte do endividamento da empresa é em dólar. Por isso esse indicador ficou negativo em 5,62 bilhões de reais no trimestre.

A queda na receita é explicada pela desaceleração da demanda doméstica por combustíveis e, principalmente, pela forte retração no preço internacional do petróleo. As vendas internas recuaram 4% no período. O resultado não foi ainda pior graças ao dólar mais favorável às exportações e ao reajuste de combustíveis. “Estamos trabalhando para manter nosso desempenho econômico-financeiro em patamares elevados. Como já pude mencionar em algumas ocasiões, nosso objetivo é desenvolver uma companhia rentável, com excelência em governança e que seja capaz de utilizar de maneira eficiente sua base de ativos para gerar o máximo de valor aos seus acionistas e investidores”, diz, em nota, Aldemir Bendine, presidente da Petrobras.

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Outros fatores citados pela estatal e que impulsionaram os resultados do trimestre foram a elevaçao da produção, que atingiu média mensal recorde de 672 mil barris por dia no pré-sal, e a entrada em operação da plataforma P-61 no campo de Papa-Terra (Bacia de Campos) e do sistema de produção antecipada do campo de Búzios (Bacia de Santos), além de iniciada a produção do campo Hadrian South, no Golfo do México. “Este resultado é explicado, sobretudo, pela maior produção de petróleo, pelas maiores margens nas vendas de combustíveis no Brasil e pelos menores gastos com participações governamentais e importações”, disse Bendine.

No anúncio de seu balanço de 2014, a Petrobras informou que iniciaria uma mudança de estratégia que previa a priorização da atividade de exploração e a redução do refino. A empresa também revisou seu plano de investimentos e anunciou que venderia ativos. No primeiro trimestre, a queda dos investimentos já pode ser sentida. A empresa investiu 17,8 bilhões de reais no primeiro trimestre, queda de 13% ante o mesmo período do ano passado, com destaque para o recuo nos investimentos na área de abastecimento.

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As importações de petróleo e derivados recuaram 21%, para 622 mil barris por dia, enquanto as exportações aumentaram 8%, para 397 mil barris por dia em relação a 2014. Segundo a estatal, o crescimento da produção de petróleo e a menor carga processada nas refinarias justificam o aumento das vendas externas.

O balanço do terceiro trimestre era aguardado com menos apreensão, depois que vieram à tona os números referentes a 2014, com cinco meses de atraso. O documento divulgado pela empresa em 22 de abril apontava perdas de 6,2 bilhões de reais decorrentes da corrupção, além de baixas contábeis de 41 bilhões de reais. Tais números vieram à tona na esteira das investigações da Operação Lava Jato, que apontaram um duto bilionário de desvio de dinheiro da estatal por meio dos diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró.

Os valores recuperados pela empresa após a repatriação de recursos desviados por seus ex-diretores não constam do balanço do primeiro trimestre, pois as quantias entraram no caixa da estatal a partir de abril.

Para analistas de mercado, contudo, os problemas da Petrobras vão muito além do anúncio do balanço. Reconhecida internacionalmente nas áreas de prospecção, extração, refino e distribuição de petróleo, a maior estatal do país viu o seu patrimônio se esfacelar nos últimos anos. Enquanto o seu valor de mercado caiu gradativamente, as despesas só aumentaram. Com o endividamento reportado nesta sexta, ela mantém o posto de petroleira mais endividada do mundo.

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As dúvidas sobre a capacidade da estatal de honrar tantos compromissos fez a agência de classificação de risco Moody’s rebaixar sua nota de crédito para o nível especulativo. Não apenas a Lava Jato, mas também a perniciosa política de controle de preços dos combustíveis para segurar a inflação, de autoria do governo Dilma, motivaram a decisão da agência. Soube-se, mais tarde, que conselheiros da empresa – incluindo a então presidente Graça Foster – recorreram ao ministro da Fazenda Guido Mantega para pedir a elevação dos preços da gasolina como forma de estancar a sangria no caixa da empresa. Mantega negou o pedido, mesmo conhecendo o impacto da decisão. Tais informações constam de áudio divulgado na última semana em diversos meios de comunicação, e que mostram que o ministro, inclusive, tentou ocultar tais perdas no balanço da empresa, num intento de empreender a contabilidade criativa das contas públicas no balanço da empresa.

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