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Peña Nieto defende fim do distanciamento entre Brasil e México

Presidente eleito mexicano acredita que melhorar o comércio com o Brasil é uma forma de depender menos dos Estados Unidos

Por Ana Clara Costa
19 set 2012, 17h13

O presidente eleito do México, Enrique Peña Nieto, propôs uma maior abertura comercial com o Brasil para encurtar as distâncias entre as duas maiores economias da América Latina. Peña Nieto, que teve sua vitória confirmada no início de setembro, se reuniu nesta quarta-feira em São Paulo com líderes empresariais brasileiros na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na primeira parada de uma agenda que inclui um encontro na quinta-feira com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília. “Temos de nos distanciar da atitude de alguns que querem nos pôr em competição e rivalidade quando, na realidade, nossas economias têm uma grande oportunidade de complementariedade”, disse.

O México está procurando diversificar seus mercados e reduzir a dependência dos ciclos da economia dos Estados Unidos, seu principal parceiro comercial. “Propus que façamos isso, numa primeira etapa, por meio de uma maior abertura comercial entre os diferentes setores da economia dos dois países”, afirmou, sem especificar a quais setores se referia.

Brasil e México já estão há 15 anos tentando um acordo de livre comércio para ampliar um intercâmbio de apenas 9 bilhões de dólares, ou menos de 2% do comércio total de cada um dos dois países. A última tentativa foi abortada no começo deste ano, quando o Brasil impôs cotas de importação de carros mexicanos livres de impostos, colocando por terra um acordo setorial de livre comércio que deveria servir de teste para um Tratado de Livre Comércio (TLC). Contudo, segundo adiantou o site de VEJA, a presidente Dilma demonstrou a interlocutores estar arrependida da decisão envolvendo o setor automobilístico. Em conversa por telefone com Peña Nieto logo após as eleições, Dilma afirmou ter interesse em retomar as conversas para o acordo.

Peña Nieto afirmou a diplomatas mexicanosque não abordará diretamente a retomada do acordo bilateral com a presidente Dilma. “Ele não quer se comprometer tanto, principalmente porque ainda não tomou posse. A conversa com a presidente deverá abordar o assunto de uma maneira mais genérica”, disse ao site de VEJA uma fonte ligada às negociações.

Os esforços por maior abertura econômica entraram em choque no passado por causa da resistência do setor agrícola mexicano, que teme uma invasão de produtos agrícolas do Brasil. Mas Peña Nieto disse ter vindo ao Brasil disposto a deixar os atritos de lado, como o do comércio de veículos. “Venho mostrar toda a disposição de abertura, de diálogo, de encontrar maiores pontos de coincidência do que de diferença entre México e Brasil. Será justamente o tom que marcará o diálogo com a presidenta do Brasil”, afirmou.

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Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a política de cotas não impediu as montadoras de continuarem importando veículos do México. Entre janeiro e julho de 2012, as importações de veículos mexicanos somaram 1,95 bilhão de dólares – valor superior à cota estabelecida para o ano (1,45 bilhão de dólares) e o mais que o dobro do que o valor verificado no mesmo período de 2011 (940 milhões de dólares).

O Brasil é a terceira parada de um giro latino-americano de Peña Nieto. Ele já esteve na Guatemala e Colômbia e depois irá ainda esta semana à Argentina, Chile e Peru. O presidente eleito tomará posse em dezembro, depois de visitar países da Europa em outubro e Estados Unidos, em novembro.

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México é a bola da vez – Apesar do pouco interesse brasileiro em negociar com o vizinho do norte, a economia mexicana tem sido apontada por economistas como a nova vedete da América Latina – muito mais atrativa para investidores devido à sua alta taxa de crescimento. O país deverá terminar 2012 com um avanço de 4% no Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o Brasil sofrerá para completar 2% de alta.

Coincidentemente, desde que o Brasil “repaginou” seu acordo de comércio de veículos com o México, em março deste ano, o jornal Financial Times tem dedicado várias de suas páginas a matérias que comparam os dados econômicos de ambos. O jornal chegou a informar, literalmente, que era hora de “esquecer o Brasil, o queridinho dos investidores internacionais. Agora é a vez do México”. Para tanto, a reportagem citou um relatório do banco Nomura que apontava o México como a maior economia da América Latina dentro de dez anos.

(Com Reuters)

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