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Para analistas, repetir PIB de 2010 é meta muito distante

Inflação em alta, taxa de juros e concorrência dos importados fazem com que a economia do país dê sinais de desaceleração

Por Ana Clara Costa
3 mar 2011, 09h30

Sustentado por um forte aquecimento da demanda interna, uma expansão recorde do mercado de trabalho e crescimento do setor de serviços, o PIB brasileiro do ano passado certamente será lembrado, ainda que tenha partido de um patamar muito deprimido, pois o PIB de 2009 foi afetado pela crise financeira que varreu o mundo (e o levou a cair 0,2%). Este pujante crescimento econômico será meta difícil de ser repetida não somente neste ano, mas também no próximo, afirmam economistas ouvidos pelo site de VEJA. A aceleração da inflação brasileira já se traduz em aperto monetário e corrosão da renda, o que deve esfriar o ritmo de crescimento. Adicionalmente, este ano não contará com o auxílio de uma base fraca de comparação (como foi 2009) e continuará a sofrer com a enxurrada das importações.

Para este ano, as projeções dos analistas para o crescimento da economia – que giravam em torno de 4,5%, conforme o boletim Focus, do Banco Central – começam a ser revistas. A própria pesquisa já apontou redução desta estimativa no início desta semana, para 4,3% – enviando uma mensagem clara ao governo de que, até dezembro, o cenário poderá virar e, desta vez, para pior.

Alguns economistas são mais céticos que a média do mercado, traduzida pelo boletim Focus. Há aqueles que acreditam que o país não crescerá mais que 3,6% neste ano, como a LCA Consultores. Tal número, contudo, ao partir de uma base de comparação já alta, como a de 2010, está longe de significar uma economia débil. Ao contrário, é sinal de uma atividade ainda vigorosa, o que reforça os temores de que a inflação chegará ao final do ano bem perto do teto da meta, que é de 6,5%. “Ainda estamos no início de 2011 e já estamos próximos do centro da meta, que é de 4,5%. Há muito tempo isso não acontece”, afirma Flávio Castelo Branco, gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No centro de estudos econômicos Economist Intelligence Unit (EIU), o principal tema de debate sobre o Brasil é a desaceleração. “A expansão do PIB no ano passado é reflexo do rápido crescimento do final de 2009 e início de 2010. É um efeito estatístico que contribuiu para que este número saísse tão alto”, afirma o economista da EIU, Robert Wood. Da mesma maneira, como a economia começou a desacelerar no segundo semestre de 2010, os mesmos efeitos de retração recairão sobre o PIB final de 2011. A perda de ritmo, alerta o economista, tende, inclusive, a piorar a partir da metade deste ano. “O consenso de 4,5% deverá ser pouco a pouco revisado para algo mais próximo de 4%”, afirma Wood.

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Outro fator importante para o desaquecimento da economia em 2011 é o aumento das importações, que, segundo o economista Robson Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), deverão afetar ainda mais o setor produtivo e, consequentemente, o PIB. No ano passado, as compras externas contabilizaram 195 bilhões de dólares, contra 201,916 bilhões das vendas ao mercado internacional. “O saldo só não é negativo porque o aumento de preço das commodities está sustentando a receita de exportação”, diz Gonçalves.

Segundo o economista, a argumentação, defendida por alguns membros do governo, de que a elevação dos preços no país está sendo puxada, principalmente, pela inflação internacional não é válida. “Não dá para justificar a inflação brasileira com o componente externo. Está muito maior”, afirma. Este ano será, na opinião de Gonçalves, de acerto de contas. “O Brasil vai pagar o preço em 2011 por ter crescido tanto em 2010”.

Enquanto isso, na China, as expectativas são de que o PIB avance mais de 7% este ano, o que é quase sinônimo de que a demanda externa continuará a todo vapor, pressionando ainda mais os preços internacionais das commodities.

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