SÃO PAULO, 31 Mai (Reuters) – As incertezas em relação à zona do euro foram fortemente refletidas no mercado nesta quinta-feira, junto com indicadores fracos nos Estados Unidos, enquanto no Brasil o destaque ficou por conta da repercussão da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), e que levou a maioria dos DIs a cair.
As bolsas internacionais chegaram a diminuir suas perdas à tarde com expectativas de que a Espanha possa receber ajuda financeira para resolver sua crise bancária. Mas o país e o Fundo Monetário Internacional (FMI) não confirmaram que isso ocorrerá.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou nesta quinta-feira que participou de conversas “muito produtivas” com a vice-primeira-ministra espanhola, Soraya Sáenz de Santamaria, mas que não recebeu pedido das autoridades espanholas para ajuda financeira do FMI.
Um porta-voz do FMI havia dito antes que o órgão estaria avaliando diferentes cenários econômicos de todos seus Estados-membros, depois que a Dow Jones informou que o órgão multilateral estava considerando um empréstimo de resgate.
Além das preocupações com a Espanha, indicadores nos EUA trouxeram dúvidas sobre a recuperação do país. O Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano cresceu a uma taxa anual de 1,9 por cento no primeiro trimestre, informou o Departamento do Comércio nesta quinta-feira. O número veio em linha com o projetado por economistas consultados pela Reuters.
Enquanto isso, dados do mercado de trabalho norte-americano vieram piores do que o esperado, já que o setor privado dos EUA criou 133 mil postos de trabalho em maio, mostrou nesta quinta-feira o Relatório Nacional de Emprego da ADP, processadora de folhas de pagamento.
Com isso, os principais índices acionários dos EUA fecharam em baixa, com o índice-termômetro S&P 500 acumulando suas maiores perdas mensais desde setembro.
Mais cedo, as bolsas na Europa também fecharam com perdas. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações europeias, encerrou em queda de 0,46 por cento, a 971,28 pontos, após ajustes pós-fechamento.
O Ibovespa, por sua vez, conseguiu emplacar um movimento de correção nesta quinta-feira, acelerando os ganhos nos ajustes finais do pregão. Ainda assim, acumulou queda de 11,86 por cento em maio, a pior baixa mensal desde outubro de 2008, quando o tombo foi de 24,8 por cento, no ápice da crise deflagrada pelo banco norte-americano Lehman Brothers.
No mercado de juros, a decisão do Copom refletiu nos contratos futuros, com a maioria fechando em queda e operadores passando a esperar um novo corte de 0,50 ponto percentual para a próxima reunião do comitê do BC, em julho. Em comunicado emitido na quarta-feira à noite, o Banco Central deixou em aberto a possibilidade de mais cortes na taxa básica.
Ainda colaborou para a queda dos DIs dados da produção industrial, que vieram abaixo do esperado, com recuo de 0,2 por cento em abril frente a março. De acordo com pesquisa da Reuters, a expectativa era de que a produção do setor se mantivesse estável em abril ante o mês anterior.
No mercado de divisas, o euro operava praticamente estável ante o dólar, que, ante uma cesta de divisas, subia 0,05 por cento, às 19h09 (horário de Brasília).
Ante o real, a moeda norte-americana seguiu o exterior e fechou em leve alta. Em maio, a moeda norte-americana acumulou valorização significativa, de 5,79 por cento, quando também voltou ao patamar de 2 reais.
Trata-se do terceiro mês seguido de alta do dólar frente ao real. Entre março e maio, a divisa avançou 17,30 por cento, levando o acumulado do ano a uma alta de 7,97 por cento.
Veja como ficaram os principais mercados financeiros nesta quinta-feira:
CÂMBIO
O dólar fechou a 2,0175 reais, em alta de 0,10 por cento frente ao fechamento anterior.
BOVESPA
O Ibovespa subiu 1,29 por cento, para 54.490 pontos. O volume financeiro na bolsa foi de 10,3 bilhões de reais.
ADRs BRASILEIROS
O índice dos principais ADRs brasileiros subiu 1,04 por cento, a 26.688 pontos.
JUROS <0#2DIJ:>
No call das 16h, o DI janeiro de 2014 estava em 8,270 por cento ao ano, ante 8,340 por cento no ajuste anterior.
EURO
Às 19h12 (Brasília), a moeda comum europeia era cotada a 1,2367 dólar, ante 1,2370 dólar no fechamento anterior nas operações norte-americanas.
GLOBAL 40
O título de referência dos mercados emergentes, o Global 40, caía para 129,250 por cento do valor de face, oferecendo rendimento de 1,587 por cento ao ano.
RISCO-PAÍS
O risco Brasil subia 5 pontos, para 243 pontos-básicos. O EMBI+ avançava 16 pontos, a 418 pontos-básicos.
BOLSAS DOS EUA
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,21 por cento, a 12.393 pontos, o S&P 500 registrou desvalorização de 0,23 por cento, a 1.310 pontos, e o Nasdaq perdeu 0,35 por cento, aos 2.827 pontos.
PETRÓLEO
Na Nymex, o contrato de petróleo mais curto caiu 1,29 dólar, ou 1,47 por cento, a 86,53 dólares por barril.
TREASURIES DE 10 ANOS
O preço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência do mercado, subia, oferecendo rendimento de 1,5618 por cento, frente a 1,619 por cento no fechamento anterior.
(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código ).(Por Danielle Fonseca; Edição de Frederico Rosas)