SÃO PAULO, 12 Mar (Reuters) – O dólar superou 1,80 real nesta segunda-feira, após o governo ter voltado a agir no mercado de câmbio para conter fluxos especulativos, enquanto o Ibovespa caiu pressionado por fracos dados sobre a balança comercial chinesa, que levantaram preocupações com a demanda global.
Em Wall Street, as bolsas de valores terminaram sem tendência comum, em meio a um rali no setor defensivo e expectativas com o comunicado a ser divulgado após a decisão de política monetária do Federal Reserve, na terça-feira. Para alguns agentes, o Fed pode não sinalizar novos estímulos econômicos, o que coloca em xeque a continuação do recente rali.
Os mercados europeus terminaram no vermelho, pressionados por temores relacionados aos custos de financiamentos de países como Espanha e Itália, mesmo após a Grécia ter concluído um acordo de troca de dívida que evita, ao menos por ora, um default desordenado.
O euro subia ante o dólar, que por sua vez recuava ante uma cesta de divisas. No Brasil, no entanto, o dólar saltou mais de 1 por cento, com investidores repercutindo a ampliação para cinco anos do prazo de incidência do IOF sobre empréstimos externos, em mais uma investida do governo para conter uma excessiva valorização do real.
Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que a medida reforça a decisão do governo federal de reduzir o fluxo de capital especulativo e classificou a medida como “prudencial”.
Tal medida fez preço inclusive no Ibovespa, que já vinha demonstrado um mau desempenho após dados ruins sobre a balança comercial chinesa gerarem preocupações com a demanda global.
O gigante asiático informou no domingo déficit comercial de 31,5 bilhões de dólares em fevereiro, o maior em pelo menos uma década, gerando preocupações de que a demanda global esteja fraca. Não por acaso, o setor de energia foi o de maior influência negativa na bolsa brasileira nesta sessão.
Os juros futuros tiveram uma sessão de ajustes de alta, após dias seguidos de queda. O aumento de prêmio nas taxas teve suporte no novo aumento das estimativas para a inflação, conforme mostrou o relatório Focus do Banco Central.
Ao mesmo tempo em que mostrou uma estimativa de 9 por cento para a Selic no final deste ano, o Focus revelou que a previsão para a alta do IPCA em 2012 subiu a 5,27 por cento, ante 5,24 por cento na semana anterior. O aumento na revisão para o IPCA de 2013 foi ainda maior: de 5,20 por cento para 5,50 por cento.
A agenda brasileira de terça-feira é praticamente vazia, mas conta a participação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, às 12h.
Nos Estados Unidos, além da decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed, o mercado recebe as vendas no varejo de fevereiro e os estoques empresariais de janeiro.
Na Europa, destaque para o índice de confiança econômica ZEW de março na Alemanha e para leituras de preços na França e Itália referentes ao mês passado. A pauta asiática traz a decisão de juro no Japão.
Veja como ficaram os principais mercados financeiros nesta segunda-feira:
CÂMBIO
O dólar fechou a 1,8050 real, em alta de 1,12 por cento frente ao fechamento anterior.
BOVESPA
O Ibovespa caiu 0,48 por cento, para 66.384 pontos. O volume financeiro na bolsa foi de 5,81 bilhões de reais.
ADRs BRASILEIROS
O índice dos principais ADRs brasileiros caiu 1,50 por cento, a 33.514 pontos.
JUROS <0#2DIJ:>
No call das 16h, o DI janeiro de 2014 estava em 9,270 por cento ao ano, ante 9,230 por cento no ajuste anterior.
EURO
Às 18h14, a moeda comum europeia era cotada a 1,3153 dólar, ante 1,3113 dólar no fechamento anterior nas operações norte-americanas.
RISCO-PAÍS
O risco Brasil caía 2 pontos, para 180 pontos-básicos. O EMBI+ cedia 3 pontos, a 317 pontos-básicos.
BOLSAS DOS EUA
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,29 por cento, a 12.959 pontos, o S&P 500 registrou valorização de 0,02 por cento, a 1.371 pontos, e o Nasdaq perdeu 0,16 por cento, aos 2.983 pontos.
PETRÓLEO
Na Nymex, o contrato de petróleo mais curto fechou em queda de 1,06 dólar, ou 0,99 por cento, a 106,34 dólares por barril.
TREASURIES DE 10 ANOS
O preço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência do mercado, caía, oferecendo rendimento de 2,0366 por cento, frente a 2,03 por cento no fechamento anterior.
(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código )(Por José de Castro; Edição de X)