SÃO PAULO, 23 Mar (Reuters) – O cenário externo um pouco mais positivo nesta sexta-feira, após preocupações com o ritmo da atividade global terem afetado os mercados no dia anterior, levou o dólar a registrar uma queda maior frente ao real e o euro a se valorizar.
Ante uma cesta de moedas, a divisa norte-americana tinha queda de 0,53 por cento. Ante o real, também teve desvalorização, mesmo com o Banco Central voltando a atuar e realizando um leilão de compra de dólares à vista.
A divisa norte-americana registrou quatro dias com valorizações ante o real, acumulando, na semana, alta de 0,38 por cento, fechando em baixa apenas nesta sexta-feira.
Com a agenda fraca de indicadores no exterior, o destaque foram as informações de vendas de imóveis novos nos Estados Unidos, que registraram queda, embora seus preços tenham avançado, animando investidores em relação a uma recuperação do mercado imobilário do país.
Além do cenário externo, um fluxo maior de entrada de dólares e a expectativa de mais medidas por parte do governo colaborou para a queda da moeda.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem dito que o governo vai continuar atuando no câmbio para não permitir que o real tenha fortes valorizações frente ao dólar, o que tira a competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo.
Nesta sexta-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, também afirmou que a atual taxa de câmbio brasileira ainda está apreciada, em função de uma elevada taxa de juros no Brasil, do cenário externo, do aumento recente dos preços de commodities e de uma menor fragilidade financeira no país.
Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em alta nesta sexta-feira, mas a elevação não foi suficiente para reverter perdas durante a semana. O S&P 500, por exemplo, caiu 0,5 por cento no período.
No Brasil, a Bovespa sofreu mais e acabou fechando praticamente estável, com queda de 0,02 por cento. Na semana, o principal índice da bolsa encerrou a semana com recuo de 2,77 por cento, já que para o mercado brasileiro pesaram mais os dados negativos da economia chinesa, divulgados na quinta-feira.
A agenda doméstica foi, por sua vez, um pouco mais cheia nesta sexta, quando foram divulgadas as vendas no varejo brasileiro, que subiram mais do que o esperado em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Outros indicadores divulgados nesta sexta mostraram uma leve aceleração da inflação e um ligeiro avanço da confiança da indústria.
Os números, no entanto, não levaram a grandes oscilações no mercado de juros futuros, que operaram majoritariamente próximos à estabilidade. As declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também não trouxeram grandes novidades que pudessem afetar a curva de juros.
Tombini afirmou, em um seminário de sua própria instituição, que o Brasil terá uma retomada consistente do crescimento em 2012, ao mesmo tempo em que a inflação deve convergir para o centro da meta, de 4,5 por cento pelo IPCA, no final do ano.
O Banco Central informou ainda nesta sexta que, em fevereiro, o déficit em transações correntes do país foi de 1,766 bilhão de dólares, abaixo da estimativa de economistas consultados pela Reuters, que previam um déficit de 2,5 bilhões de dólares no mês passado. Os investimentos estrangeiros diretos no país somaram 3,648 bilhões de dólares em fevereiro.
Na próxima segunda, está previsto mais um indicador do mercado imobiliário nos Estados Unidos, com dados de vendas pendentes de casas de fevereiro. Ainda nos EUA, deve ser divulgado o índice do Fed de Chicago de fevereiro.
Na Europa, o destaque fica com o indicador de clima de negócios da Alemanha, referente a março.
No Brasil, será divulgado o IBC-Br de janeiro, dando indicações sobre o ritmo da atividade no início do ano, além do relatório Focus, de dados da balança comercial e sondagens do consumidor e da construção.
Veja como ficaram os principais mercados financeiros nesta sexta-feira:
CÂMBIO
O dólar fechou a 1,8103 real, em queda de 0,65 por cento frente ao fechamento anterior.
BOVESPA
O Ibovespa caiu 0,02 por cento, para 65.812 pontos. O volume financeiro na bolsa foi de 6,13 bilhões de reais.
ADRs BRASILEIROS
O índice dos principais ADRs brasileiros subiu 0,56 por cento, a 33.515 pontos.
JUROS <0#2DIJ:>
No call das 16h, o DI janeiro de 2014 estava em 9,540 por cento ao ano, ante 9,580 por cento no ajuste anterior.
EURO
Às 19h30, a moeda comum europeia era cotada a 1,3265 dólar, ante 1,3196 dólar no fechamento anterior nas operações norte-americanas.
GLOBAL 40
O título de referência dos mercados emergentes, o Global 40, subia para 132,250 por cento do valor de face, oferecendo rendimento de 1,243 por cento ao ano.
RISCO-PAÍS
O risco Brasil caía 2 pontos, para 169 pontos-básicos. O EMBI+ avançava 5 pontos, a 315 pontos-básicos.
BOLSAS DOS EUA
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,27 por cento, a 13.080 pontos, o S&P 500 registrou valorização de 0,31 por cento, a 1.397 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,15 por cento, aos 3.067 pontos.
PETRÓLEO
Na Nymex, o contrato de petróleo mais curto caiu 1,52 dólar, ou 1,44 por cento, a 106,87 dólares por barril.
TREASURIES DE 10 ANOS
O preço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência do mercado, ofereceu rendimento de 2,234 por cento.
(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código(Reportagem de Danielle Fonseca; Edição de Frederico Rosas)