SÃO PAULO, 26 Jun (Reuters) – A inadimplência voltou a bater recorde no país, com crescimento no mercado de crédito e retração na concessão de financiamento, informou o Banco Central nesta terça-feira, dia em que mercados norte-americanos e o Ibovespa fecharam em terreno positivo após as fortes quedas da véspera, embora ainda sob preocupações com a zona do euro.
Segundo o BC, a inadimplência chegou a 6 por cento no mês passado, maior nível desde o início da série histórica da autoridade monetária, e que começou em junho de 2000.
De acordo com o órgão, o crédito total disponibilizado subiu 1,7 por cento em maio, atingindo 50,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), embora a concessão pela média diária tenha caído 1,5 por cento em maio, mantendo-se em baixa ainda nos dados parciais de junho.
Ainda no Brasil, o governo tem se mostrado preocupado com a expectativa de um crescimento mais baixo da economia este ano e deve anunciar na quarta-feira mais medidas de estímulo.
Entre as medidas, uma fonte da área econômica do governo à Reuters, que está a que determina que medicamentos fabricados no Brasil poderão ser adquiridos pelo governo ainda que os preços sejam superiores ao ofertado pelos concorrentes internacionais.
Também no mercado doméstico, o BC anunciou ainda que realizará na quarta-feira um leilão de swap cambial tradicional -equivalente à venda de dólares no mercado futuro-, após ficar dez dias sem atuar no mercado de câmbio.
A informação, no entanto, não foi suficiente para conter a alta da moeda norte-americana, já que o objetivo do leilão é rolar contratos que vencem no dia 2 de julho e ele deve ser realizado apenas na quarta-feira.
No ambiente externo, o dólar, por sua vez, ficou praticamente estável frente ao euro, após a divisa comum ter operado em baixa durante grande parte do dia, perto de seu menor valor em duas semanas. Diante de uma cesta de divisas , a moeda norte-americana tinha queda de 0,13 por cento, às 18h27 (horário de Brasília).
Enquanto isso, nos mercados acionários, a aproximação da cúpula de líderes da União Europeia (UE), na quinta e na sexta-feira, em Bruxelas, ainda trouxe alguma cautela, traduzida em baixos volumes de negociações.
Em Wall Street, no entanto, os principais índices acionários dos Estados Unidos voltaram a fechar em alta nesta terça-feira, assim como o Ibovespa, recuperando-se de quedas na véspera superiores a 1 por cento e de cerca de 3 por cento, respectivamente.
Serviram como contrapeso às perdas da véspera, dados sobre preços das moradias norte-americanas, e que sugeriram que a recuperação no mercado imobiliário está ganhando força.
Já no Brasil, a Bovespa teve correção técnica das ações da Petrobras e da Vale, fechando em ligeira alta.
Mais cedo, as ações europeias ficaram praticamente estáveis, perto de suas mínimas em uma semana, com o contrapeso de barganhas que passaram a se tornar atraentes aos investidores.
Trazendo ainda mais incertezas à cúpula da UE, nesta terça-feira foi atribuída à chanceler alemã, Angela Merkel, uma forte declaração feita em um encontro de um dos partidos de sua coalizão, de que a Europa não teria compartilhamento total da responsabilidade da dívida “enquanto eu viver”.
A informação partiu de fontes que participaram do evento político, e colocam mais sombras sobre a possibilidade de novas ações conjuntas serem decididas no evento continental.
Um aliado importante da chanceler alemã afirmou ainda nesta terça-feira que, em reunião feita a portas fechadas, os governos da zona do euro estavam discutindo remover o status de preferência de crédito do novo fundo permanente de resgate do bloco.
Ainda vieram notícias negativas da Espanha, já que os custos de empréstimo da dívida de curto prazo da Espanha quase triplicaram no leilão realizado nesta terça-feira. O país também informou nesta que os termos de negociação de um pacote de ajuda financeira europeia para recapitalizar seus bancos é um processo bastante complexo e que levará tempo.
Complementando o panorama da região, o total de desempregados na França registrou em abril seu maior aumento em 13 meses, atingindo seu nível mais alto desde agosto de 1999.
AGENDA
O calendário de divulgação de indicadores prevê para quarta-feira, no cenário doméstico, além do fluxo cambial semanal, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) referente a junho.
A agenda está mais cheia nos Estados Unidos, com os esperados anúncios de demanda por bens duráveis em maio, de atividade empresarial no Meio-Oeste e de vendas pendentes de casas. Todas as divulgações são relativas a maio.
Enquanto isso, a Alemanha reporta dados sobre preços ao consumidor em junho, com analistas e bancos de investimento esperando estabilidade frente ao mês anterior, e o Japão anuncia suas vendas no varejo em maio, com expectativa de alta de 3 por cento sobre igual período de 2011.
Veja como ficaram os principais mercados financeiros nesta terça-feira:
CÂMBIO
O dólar fechou a 2,0724 reais, em alta de 0,31 por cento frente ao fechamento anterior.
BOVESPA
O Ibovespa fechou com alta de 0,06 por cento, para 53.836 pontos. O volume financeiro ficou em 6,2 bilhões de reais.
ADRs BRASILEIROS
O índice dos principais ADRs brasileiros subiu 0,25 por cento, a 25.830 pontos.
JUROS <0#2DIJ:>
No call das 16h, o DI janeiro de 2014 estava em 7,940 por cento ao ano, ante 7,950 por cento no ajuste anterior.
EURO
Às 18h27 (Brasília), a moeda comum europeia era cotada a 1,2493 dólar, ante 1,2503 dólar no fechamento anterior nas operações norte-americanas.
GLOBAL 40
O título de referência dos mercados emergentes, o Global 40, caía para 129,125 por cento do valor de face, oferecendo rendimento de 1,456 por cento ao ano.
RISCO-PAÍS
O risco Brasil tinha baixa de 1 ponto, para 213 pontos-básicos. O EMBI+ recuava 2 pontos, a 378 pontos-básicos.
BOLSAS DOS EUA
O índice Dow Jones subiu 0,26 por cento, a 12.534 pontos, o S&P 500 registrou valorização de 0,48 por cento, a 1.319 pontos, e o Nasdaq subiu 0,63 por cento, aos 2.854 pontos.
PETRÓLEO
Na Nymex, o contrato de petróleo mais curto subiu 0,15 dólar, ou 0,19 por cento, a 79,36 dólares por barril.
TREASURIES DE 10 ANOS
O preço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência do mercado, caía, oferecendo rendimento de 1,6280 por cento, frente a 1,604 por cento no fechamento anterior.
(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código ).(Por Frederico Rosas; Edição de Danielle Fonseca)