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Os recados do Banco Central sobre a guerra e o risco fiscal de Bolsonaro

Copom elevou Selic ao maior patamar desde o início de 2017; choque de oferta com a guerra e de demanda com as políticas do governo são riscos para inflação

Por Larissa Quintino Atualizado em 22 mar 2022, 19h40 - Publicado em 22 mar 2022, 09h10

Na semana passada, o Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), aumentou a taxa básica de juros da economia brasileira pela nona vez, chegando a 11,75% ao ano, o maior percentual desde 2017. Nesta terça-feira, 22, com a ata da reunião publicada, o BC afirma que duas situações podem influenciar a inflação não só neste ano como no próximo. A guerra entre Rússia e Ucrânia e seus efeitos nas economias mundiais é um deles. Outro cenário de risco são as políticas fiscais do governo.

No  documento, o BC elenca o cenário fiscal brasileiro como risco altista para a inflação. Segundo o Copom, “políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente o preço de ativos importantes e elevar os prêmios de risco no país”. No primeiro trimestre deste ano, a gestão de Jair Bolsonaro anunciou justamente pacotes que afetam essas variáveis. Um deles, do Ministério do Trabalho, libera valores do FGTS de trabalhadores, adianta 13º salário de aposentados e até aumenta as margens de consignado. Cotado em 150 bilhões de reais, o intuito do pacote é estimular a retomada da economia, e, consequentemente, incentivar o consumo aumentando a demanda. Uma outra medida, do Ministério da Economia, é a redução do IPI em 25%. A diminuição do imposto sobre produtos industrializados corresponde a uma renúncia fiscal de cerca de 20 bilhões de reais neste ano.

O BC pondera o desempenho positivo das contas públicas – justamente o argumento utilizado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na ocasião de anúncio do IPI mais baixo – porém, afirma que “a incerteza em relação ao futuro do arcabouço fiscal mantém elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação”. Segundo o Copom, parte desses riscos já está inclusive incorporado às previsões crescentes de inflação, que estão em 6,3%, segundo a autoridade monetária, e em 6,69%, segundo o mercado. A meta para inflação neste ano é de 3,5%, com tolerância até 5%.

Guerra

Para o Banco Central, o conflito no Leste Europeu “adiciona ainda mais incerteza no cenário” por impor um choque de oferta de commodities. Vale lembrar que, desde a invasão russa à Ucrânia, o barril de petróleo opera em rali. Enquanto isso, outros produtos muito exportados pelos russos, como trigo e cevada estão ficando mais caros no mercado internacional. “O Comitê considerou que a boa prática recomenda que a política monetária reaja a impactos secundários desse tipo de choque”, ou seja, respondendo com ajuste de juros.

Segundo o Copom, o petróleo deve encarecer paulatinamente, chegando a valer 121 dólares no fim de 2023, o que justifica a preocupação com a inflação também no próximo ano. Até então, a previsão ainda está ao redor da meta (em 3,1%, enquanto a meta é de 3,25%), porém, os riscos altistas podem influenciar também na meta do próximo ano.

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