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O que os empresários da Faria Lima pediram para a presidente do PT

Em jantar com Gleisi Hoffmann, empresários cobraram comprometimento fiscal de um eventual governo do PT e menos encargos trabalhistas

Por Felipe Mendes Atualizado em 6 abr 2022, 22h48 - Publicado em 6 abr 2022, 12h35

Um jantar realizado na casa do empresário João Camargo, presidente do Esfera Brasil, na última segunda-feira, dia 4, colocou frente a frente a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e a classe empresarial. Cerca de 30 empresários participaram do encontro — entre eles, nomes como Flávio Rocha (Riachuelo), Abílio Diniz (Península Participações), Eugênio Mattar (Localiza) e Cândido Júnior (Hapvida). Na confraternização, os empreendedores procuraram entender como seria a política econômica de um eventual terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O encontro foi marcado por algumas divergências de opiniões. Os empresários mostraram-se preocupados com uma possível revogação da reforma trabalhista pelo novo governo. Em um momento de embate, um deles chegou a dizer que “o Estado não deve intervir na relação entre os funcionários e as empresas”. Foi, no entanto, refutado por Gleisi, que salientou que a “proteção social” estará no cerne de um eventual governo do PT. Acompanhada de um dos consultores econômicos de Lula, Gabriel Galípolo, ex-CEO do Banco Fator, ela defendeu uma modernização da legislação trabalhista, com o intuito de diminuir a informalidade no país. Segundo o partido, há um entendimento de que é preciso encontrar formas de proteger os direitos de prestadores de serviços advindos da “nova economia”, como motoristas e entregadores ligados a aplicativos móveis, por exemplo.

Quando a situação econômica do país tomou a pauta do jantar, o empresário Abílio Diniz teria dito, segundo uma fonte presente no encontro, que a condução da economia pelo presidente Jair Bolsonaro “está muito bem”. Gleisi, então, reagiu. Disse que apenas uma pequena parcela da população brasileira pode se vangloriar disso e ressaltou o número de desempregados e de subempregos existentes no país. Para amenizar o clima indigesto, Diniz brincou, dizendo que é difícil acompanhar a realidade brasileira morando na França.

A visão de um Estado mais atuante para a irrigação da economia a partir de 2023 foi outro tema delicado para os empresários, que disseram temer pelo fim do teto de gastos. Descontentes, tiveram de ouvir de Gleisi que a atual fórmula pode ser revista. Em entrevista recente a VEJA, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega disse que o Estado precisa ser um indutor dos investimentos, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal. “O teto de gastos coloca uma camisa de força no Estado, ainda mais num momento em que precisamos de uma presença maior do poder público para sairmos desta crise. Só o Estado consegue dar o impulso para a retomada da economia. A saída é o investimento”, afirmou ele. Ou seja, uma sinalização clara de que a atual regra incomoda o partido.

O principal ponto de convergência entre os participantes foi em relação à condução do Banco Central, que teve sua independência aprovada no Congresso recentemente. O PT reforçou que respeitará a legislação que prevê uma gestão independente da autarquia monetária. Indicado por Jair Bolsonaro, o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem mandato à frente da instituição até o final de 2024. A sinalização de que não haverá qualquer tipo de intervenção na autarquia soou como música para os ouvidos dos empresários.

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