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Os paralelos entre o dólar recorde de 2002 e o de 2015

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 set 2015, 22h18

O dólar alcançou nesta sexta-feira a segunda maior cotação da história do real ao fechar o dia negociado por 3,958 reais. Esse valor só é menor que o do pregão do dia 10 de outubro de 2002, quando a moeda americana fechou a 3,990 reais. Mesmo com a longa distância entre as datas – quase treze anos -, é possível traçar alguns paralelos. E eles se resumem em uma palavra: incerteza.

Em outubro de 2002, o mercado estava em ebulição. Após perder três eleições, o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva aparecia nas pesquisas como o favorito para chegar ao Planalto. O mercado estava assustado, sobretudo com declarações do “antigo Lula”, que afirmara na eleição presidencial de 1989 que não pagaria a dívida externa e implementaria o regime socialista no país. Incerteza era a palavra da vez entre os investidores.

“Aquela eleição (de 2002) foi muito traumática. Ninguém sabia ao certo como o PT ia se comportar, o que ia fazer, se ele ganhasse”, lembra André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. Na ocasião, sem apresentar provas, os petistas chegaram a acusar o então presidente do Banco Central, Armínio Fraga, de não intervir o suficiente no câmbio para prejudicar o candidato Lula, que disputava a Presidência com o tucano José Serra.

Assim como em 2002, o Brasil vive hoje um período de incertezas. A cada dia surgem novas notícias de enfraquecimento na economia; a desta sexta-feira foi a queda de 9,32% na arrecadação federal em agosto, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Além disso, o mercado vê com muita desconfiança a capacidade de articulação do governo para tirar do papel as medidas de ajuste fiscal anunciadas na última segunda-feira. Primeiro, porque o clima no Congresso é hostil, com resistência da própria base aliada. Segundo, porque a popularidade da presidente Dilma Rousseff tem apenas um dígito, o que a deixa de mãos atadas na tentativa de se impor nas negociações com o Congresso. “Nós agora não sabemos o que vai ser da economia ou da presidente”, diz Perfeito. “A incerteza gera o risco, que gera juros mais altos, que, por sua vez, impede o crescimento econômico.”

Para ganhar a faixa presidencial, Lula teve que se mexer. Fez um aceno ao mercado na Carta ao Povo Brasileiro, comprometendo-se a manter todos os contratos do país, o superávit fiscal e as metas de inflação. E, após a vitória, nomeou Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston, como presidente do Banco Central. Com o tempo, as movimentações surtiram resultado e o mercado passou a viver uma espécie de “lua de mel” com o novo governo. O governo da presidente Dilma Rousseff, por sua vez, só recentemente começou a afirmar abertamente que perseguiria um superávit primário de 0,7% do PIB para 2016 – e isso depois da avassaladora onda de críticas surgida com a apresentação de uma proposta de orçamento para o próximo ano com déficit de 30,5 bilhões de reais. “O mercado até acha que Dilma deveria sair porque é evidente que ela não está conseguindo impor a sua agenda. Mas, como ninguém sabe se a saída é melhor ou não, isso gera ainda mais inquietação no mercado.” É a incerteza se impondo.

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