Os movimentos irreversíveis do mercado de capitais, segundo diretor do C6
Para Igor Rongel, chefe de investimentos do C6 Bank, o investidor que descobriu o mercado internacional não voltará a alocar patrimônio no Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou ao mercado financeiro uma agenda de reformas que o governo para melhorar o ambiente de negócios e as condições econômicas do país. Aliado ao início da queda de juros, em 13,25% ao ano, o pacote de 30 medidas tem como objetivo impulsionar o mercado de capitais, com a redução de entraves para emissão de dívidas privadas, desenvolvimento de produtos financeiros e modernização de instrumentos de crédito.
Em entrevista a VEJA, o chefe da área de investimentos do C6 Bank, Igor Rongel, acredita que o fluxo de IPOs, que não acontecem no Brasil desde o início de 2022, será retomado com o início da queda de juros, em 13, 25% ao ano, mas que alguns movimentos são “irreversíveis”. “O investidor descobriu o mercado internacional, uma vez que isso acontece ele vai continuar alocando parte do patrimônio lá fora”, afirma.
O mercado de capitais passa por dificuldades, sem IPOs desde 2022. A queda de juros pode ajudar na retomada? O mercado de capitais tem várias frentes. Quando os juros foram a 2%, esse mercado ganhou uma atração muito forte, porque o perfil do investidor brasileiro sempre foi de rentista. A gente tem uma retração natural do ímpeto do investidor para esse tipo de ativo. A expectativa agora é que esse fluxo vai começar a equilibrar novamente, mas alguns movimentos a gente entende que são irreversíveis, como o investidor buscando alternativas no mercado internacional. A gente acha que esse perfil de investidor não volta mais. Uma vez que o cliente entende que tem alternativas fora ele vai continuar alocando parte do patrimônio lá fora.
Sem a volta do investidor que passou a alocar patrimônio no exterior, o que podemos esperar do mercado de capitais brasileiro? Na nossa visão, as pessoas que se aventuraram em algum tipo de ativo diversificado vai diversificar ainda mais a carteira de investimentos. A renda fixa não vai deixar de ter importância, até porque a taxa de juros vai continuar alta, mas o cliente tende a tirar peso da carteira fixa e ter uma diversificação.
Quais setores devem se beneficiar da queda de juros, com acesso facilitado a crédito? A taxa de juros baliza muito apetite por financiamento. Se o estrangulamento do crédito arrefecer, que é oque esperamos, algumas esteiras podem voltar a andar, como financiamento, capital de giro etc. Isso deve acontecer. O mercado financeiro antecipa os movimentos. Só a expectativa de redução de juros já dá uma aliviada.