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Os cinco enigmas da economia mundial

Conheça os riscos de cada um deles: ajuste fiscal e dívida soberana, confiança de consumidores e investidores, economias emergentes, contração de crédito e crises ocultas

Por BBC
13 ago 2010, 10h10

Esta semana, Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve, o banco central americano, advertiu que a recuperação econômica está em perigo e, na quarta-feira, no Reino Unido, o titular do Banco Central britânico, Mervyn King, diminuiu as projeções de crescimento. O fato é que hoje a economia mundial é uma mistura de luzes e sombras.

O otimismo que surge com as nações emergentes é podado com interrogações sobre a sustentabilidade da expansão chinesa, enquanto que a Alemanha aumenta suas exportações, mas a União Europeia segue atolada.

Desde o início da crise, em setembro de 2008, os economistas especulam sobre que tipo de recuperação definirá os próximos anos com uma salada de letras que inclui um V (queda brusca seguida por forte recuperação), W (recessão dupla) e U (queda, plano e recuperação lenta). Os próximos oito meses serão decisivos.

A BBC investigou cinco enigmas sobre a economia mundial. São eles:

Ajuste fiscal e dívida soberana – A economia mundial evitou uma depressão ao estilo dos anos 1930 graças à intervenção estatal que estabilizou o sistema financeiro e estimulou a produção. Este estímulo está se esgotando e, com exceção dos Estados Unidos, ninguém considera a possibilidade de renová-lo.

Na Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha, Portugal e Grécia foram anunciados fortes programas de ajuste para lidar com a dívida, os quais ainda não causaram impacto forte na economia porque estão em fase inicial de aplicação. Esta mudança da política econômica dos países desenvolvidos levanta várias questões.

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No caso dos países europeus, não se sabe se o mega-ajuste vai solucionar ou piorar o problema da dívida soberana e o quão profundo será o impacto na economia do continente e mundial. Em outras palavras, podem os países desenvolvidos evitar uma segunda recessão sem oxigênio fiscal? Ou, o que é a mesma coisa, está o investimento privado em condições de substituir o público como motor econômico?

Confiança dos consumidores e investidores – A confiança é um dos fatores mais sutis e esquivos da economia. Os dados das pesquisas com consumidores e empresas são flutuantes e contraditórios. “Ninguém sabe o que pode acontecer com a confiança dos consumidores e dos investidores. Pretender o contrário é absurdo”, disse recentemente ao diário britânico Financial Times o catedrático da London School of Economics Nicholas Stern. Uma coisa fica clara: se os consumidores não consumirem e as empresas não investirem, a economia cairá numa nova recessão.

Economias emergentes – Muito se falou da solidez das economias emergentes e do impulso que estão dando à economia mundial. Enquanto a zona do euro crescerá 0,7% este ano, segundo o Banco Mundial, a Ásia vai superar os 8% e a América Latina ficará em 4,5%.

A China é o motor desta expansão das economias emergentes, mas os últimos dados assinalam que sua demanda por matérias primas (petróleo, cobre, alumínio e ferro) caiu em julho. Tal demanda foi fundamental para o crescimento da América Latina e aponta a desaceleração que a China está experimentando – pela primeira vez em meses, crescerá menos de 10%.

Ao mesmo tempo, vale recordar que o mundo desenvolvido responde por 70% do PIB mundial: seu peso global continua sendo fundamental. Se a recessão provou algo, foi que os países emergentes não podem escapar de um vendaval econômico como o que castigou o Primeiro Mundo. O risco de uma crise sistêmica global segue presente.

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Contração de crédito – A contração de crédito de 2007 colocou fim à era do dinheiro fácil que havia sustentado o crescimento de muitos países desenvolvidos. Desde então, os bancos, resgatados pelo Tesouro, voltaram a mostrar balanços espetaculares, mas os empréstimos seguem sem fluir.

O anúncio do Federal Reserve americano, na terça-feira, de que lançará uma nova flexibilização quantitativa, ou seja, injetará dinheiro no sistema financeiro, é um reconhecimento desta situação. No Reio Unido, a pedido do governo e do Banco Central, as seis principais entidades financeiras formaram esta semana um grupo de trabalho para buscar estratégias que descongelem o crédito.

Se o crédito não voltar a fluir, a economia não poderá sustentar sua recuperação. Além disso, o sistema financeiro internacional segue tendo suas próprias dúvidas internas.

Crises ocultas – O dramático setembro de 2008 foi a explosão em cadeia de uma bolha financeira que havia crescido nas sombras e que poucos haviam notado. A crise da dívida soberana nos países europeus que dominou a primeira metade do ano voltou a pegar a todos de surpresa.

A tempestade amainou nas últimas semanas, mas muitos gigantes bancários europeus têm seus cofres cheios de títulos do governo que, caso não sejam honrados, poderiam provocar estragos em seus balanços. No recente teste de estresse dos bancos europeus, apenas sete das 91 instituições examinadas não puderam resistir a uma hipotética recessão econômica, mas o ensaio não contemplou a possibilidade de um calote dos governos.

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Até o momento, parece que os chamados ativos tóxicos – a dívida difícil de cobrar – ligados às hipotecas subprime estão sob controle. No entanto, o Fundo Monetário Internacional estima que o negócio de um dos instrumentos financeiros por trás da crise, os derivativos, supera folgadamente o trilhão de dólares. Segundo o economista britânico Will Hutton, entre 40% e 60% dos lucros dos grandes bancos britânicos provêm dos derivativos. A possibilidade de novas surpresas está na próxima esquina.

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