Onde investir com a Selic nas alturas?
Com o juros no patamar de 12,75% e as sinalizações do BC na continuidade do aperto monetário, os investimentos de renda fixa estão ainda mais atrativos
Após a taxa básica de juros, a Selic, alcançar o menor nível em meados de 2020, a trajetória dos juros se inverteu. Desde março do ano passado, o Banco Central vem realizando aumentos consecutivos e progressivos na Selic para conter a inflação. Na quarta-feira, 5, o BC elevou em 1 ponto percentual a taxa básica de juros, fixando a Selic na faixa de 12,75% ao ano. O patamar alto e as sinalizações do BC quanto a continuidade no aperto monetário tornam os investimentos de renda fixa ainda mais atrativos.
No ano passado, quando a Selic saiu de 2% para encerrar em 9,25% ao ano, os investimentos de renda fixa se tornaram o destaque do ano. A captação na renda fixa somou 215,2 bilhões em 2021, recorde histórico para a classe, ultrapassando a média dos últimos dez anos. Não surpreendentemente, o movimento se estende para este ano. A renda fixa acumula, no primeiro trimestre do ano, a maior captação líquida entre as classes de ativos, atingindo 109 bilhões de reais, enquanto fundos e ações sofrem com retiradas de dinheiro. Juntas, essas duas classes já perderam mais de 70 bilhões de reais de recursos retirados até março.
Com a nova política de juros do Banco Central e a expectativa de a Selic ultrapassar a faixa de 13% até o fim de 2022, o país retomou a lógica em que o dinheiro rende por si só, ao ritmo de aproximadamente 1% ao mês. Apesar dos juros elevados, a poupança continua sendo a menos vantajosa das opções. Quando a Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da caderneta é de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), que é de 6,17%. O percentual é menor que a taxa real de juros, de 6,69%, e metade do juro nominal, de 12,75%.
Com a escalada da inflação e as sinalizações do BC de continuidade na elevação da taxa para conter essa inércia, os especialistas entrevistados por VEJA indicam os investimentos pós-fixados que acompanham a Selic, como o Tesouro Selic, os fundos DI, e o CDB DI. Há indicações também para títulos que buscam proteção da correção inflacionária. “Os investimentos precisam espelhar o momento econômico. Títulos que não acompanham essa dinâmica da inflação são os títulos pré-fixados, então é preciso ter cautela e atenção para investir em pré-fixado nesse momento de pressão inflacionária”, diz Patricia Palomo, economista e planejadora financeira pela Planejar.
Para os que optam pelos investimentos pré-fixados, a sugestão do especialista em renda fixa da Valor Investimentos, Victor Zucchi, é se manter no ativo por no máximo três anos. “A gente vive num país com muita volatilidade nas taxas de juros e inflação, então é adequado ter em mente aplicações de curto prazo”, diz.
A preferência pela renda fixa está atrelada também à enorme volatilidade no mercado em decorrência de eventos externos, como a guerra no Leste Europeu e a inflação global, e internos, com a aproximação das eleições. Os ativos de renda variável acabam perdendo a preferência dos investidores mais conservadores, mas continuam sendo adequados para os mais arrojados, que preferem tomar risco.