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Com Lava Jato, Odebrecht já demitiu metade de seus funcionários

Em três anos, demissões atingiram 100 mil pessoas; crise econômica e corrupção abala a maior empreiteira do país

Por Da redação
Atualizado em 12 dez 2016, 11h00 - Publicado em 12 dez 2016, 10h55

Enquanto se sucedem os vazamentos do conteúdo de delações de 77 executivos da Odebrecht sobre esquemas de corrupção que atingem a elite da classe política brasileira, os empregados da empresa convivem com outra dura realidade: o desemprego. Na semana passada, diversos executivos foram informados que o número de funcionários da companhia já está abaixo dos 80.000. Isso significa que mais de 100.000 foram demitidos ou pediram demissão nos últimos três anos, quando o quadro de funcionários chegou ao seu auge. Se levado em conta o período da Lava Jato, no fim de 2014, a companhia foi reduzida à metade em número de funcionários.

Somente neste ano foram cerca de 50.000 demissões, sendo que boa parte feita pela construtora Norberto Odebrecht. A explicação é que muitas obras acabaram e não há novos contratos para realocar pessoal. A culpa não é somente da Lava Jato, que fez o grupo mergulhar em uma crise financeira. Pesaram ainda a recessão econômica no Brasil, que reduziu os investimentos de forma generalizada, e a queda nos preços mundiais do petróleo, que atingiu a economia de vários países onde a Odebrecht atua, como Venezuela e países da África.

No Brasil, na metade do ano, o grupo ainda mantinha um efetivo grande para terminar as obras ligadas à Olimpíada do Rio, mas a maior parte foi demitida ao fim do processo. No setor de rodovias, onde além de construtora a empresa é investidora, as obras de algumas estradas, como a da BR-358, foram paralisadas por falta de financiamento.

Os bancos em geral se fecharam ao crédito novo e de longo prazo para as empresas envolvidas nos escândalos de corrupção da Lava Jato. Mas o maior baque foi o congelamento de novos empréstimos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A decisão do banco de desenvolvimento não só inviabilizou alguns projetos no Brasil, como também atingiu as obras do grupo no exterior, já que cerca de 5 bilhões de reais em financiamentos para países que haviam contratado empresas brasileiras para as obras foram afetados. Alguns governos decidiram desacelerar as obras em razão da falta de financiamento. Na Venezuela, obras como a da hidrelétrica de Tocoma e a da ponte sobre o rio Orinoco estão em ritmo lento.

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O caso mais emblemático no País foi o da Sete Brasil, criada para gerenciar a contratação de sondas para o pré-sal. O BNDES vetou o financiamento de longo prazo da Sete depois que a empresa foi envolvida nas investigações de corrupção sob acusação de pagamento de propina pelos estaleiros para a obtenção de contratos.

A consequência se deu para os próprios estaleiros, já que a Sete, sem dinheiro, suspendeu os pagamentos. Entre os estaleiros estava o Paraguaçu, do grupo Odebrecht em parceria com as empreiteiras OAS e UTC e o sócio japonês Kawasaki. No ano passado, quase 10.000 pessoas que trabalhavam nas obras do estaleiro foram dispensadas e a companhia está afundada em dívidas.

Para o próximo ano, se as obras continuarem se esvaindo ou mesmo que fiquem apenas estabilizadas, a expectativa é que o número de funcionários continue em queda. Somente a Odebrecht Ambiental, já vendida ao fundo Brookfield, tem 6.000 funcionários que sairão da folha de pagamentos do grupo assim que os órgãos reguladores aprovarem a operação. A empresa não quis fazer comentários.

Faturamento

A queda do número de funcionários, que fechou 2015 em 128.000 e agora está inferior a 80.000, deve se refletir também no recuo do faturamento da empresa, segundo alguns banqueiros que acompanham o desempenho da companhia. A última vez que a Odebrecht teve 80.000 funcionários foi em 2008 e, naquela época, o grupo faturava 41 bilhões de reais por ano. Agora a receita está em 126 bilhões de reais, mas a expectativa é que caia em função da diminuição do volume de contratos de obras e na medida em que empresas do grupo forem sendo vendidas.

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A construtora faturou em 2015 cerca de 33 bilhões de reais, não considerando o efeito do câmbio naquele ano. Com a variação cambial, esse número superou 50 bilhões. A carteira de projetos da construtora continua sendo bastante significativa, girando em torno de 30 bilhões de dólares (101,36 bilhões de reais), mas está em queda comparada a de anos anteriores, quando atingiu 35 bilhões de dólares (118,25 bilhões de reais).

A expectativa é que a assinatura do acordo de leniência, feita há duas semanas, possa ajudar a estabilizar a empresa financeiramente. Além disso, o acordo impede que companhia seja considerada inidônea, o que permite a participação da empresa para licitações no Brasil.

(Com Estadão Conteúdo)

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