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O que explica o aumento do desemprego em meio à flexibilização da economia

Mais de 14 milhões de pessoas estão no contingente, segundo o IBGE; piora do resultado era esperada

Por Victor Irajá Atualizado em 30 out 2020, 14h32 - Publicado em 30 out 2020, 14h20

Era o esperado. Com a flexibilização das necessárias medidas de isolamento social adotadas no início da pandemia de Covid-19 no país, o desemprego bateu 14,4%, de acordo com dados da Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, divulgados nesta sexta-feira, 30. No trimestre encerrado em agosto (portanto, já em meio à flexibilização), 13,8 milhões de pessoas ocupam a posição de pleiteantes por uma vaga formal de trabalho, segundo o instituto.

Entre março e maio, 12,9% da população estava em busca de emprego. Isso porque o IBGE considera desempregados somente aqueles que ativamente procuram por uma vaga. “Aqueles que perdem o medo do vírus ou têm necessidade de renda começam a procurar emprego. Esse é o fator que pesa mais na elevação”, diz José Pastore, professor da Universidade de São Paulo (USP), especialista em áreas de relações do trabalho. “Existem setores reagindo, mas que não estão criando vagas. Em crises, normalmente, o emprego é o último aspecto a mostrar reação.” 

E o coronavírus aprofundou o triste cenário. A população desalentada compreende 5,9 milhões de pessoas, um recorde, com alta de 8,1% – mais 440 mil pessoas – em relação ao trimestre anterior; e 24,2% – ou 1,1 milhão de pessoas – frente ao mesmo trimestre de 2019. Esses dados incluem aqueles que desistiram de buscar emprego. A situação poderia ser muito pior se medidas rápidas não tivessem sido adotadas prontamente na eclosão da crise sanitária. Com o pagamento do auxílio emergencial às famílias de baixa renda, o governo protegeu os trabalhadores informais que perderam os meios de se sustentar e garantiu um certo nível de consumo durante o pior momento. O programa de proteção ao emprego engendrado pelo Ministério da Economia contemplou, até 23 de outubro, mais de 19 milhões de acordos para a manutenção de contratos e de vagas. 

O banco americano Goldman Sachs destaca a queda de 19% nas vagas da construção civil e de 31,4% nas contratações de restaurantes. A instituição também aponta que o setor industrial assistiu à contração de 13,4% nos postos de trabalho. Segundo o banco, com o aumento da procura por vagas formais de trabalho, as taxas devem crescer nos próximos semestres, à medida que uma série de trabalhadores desestimulados comecem a procurar emprego e retornem à força de trabalho ativa.

Outro recorde negativo envolve a taxa da mão de obra subutilizada no país. Ela atingiu 30,6%, recorde na série, 6,2 pontos percentuais frente ao mesmo trimestre de 2019. São 33,3 milhões de pessoas nestas condições, que trabalham menos do que gostariam ou têm baixa demanda por parte dos empregadores. A principal dúvida em relação ao mercado de trabalho envolve a confiança das pessoas em relação ao consumo.

“Os serviços ainda sofrem com o receio das pessoas em sair de casa. Existe um descompasso entre a retomada acelerada de alguns setores e a baixa criação de empregos”, completa Pastore. De fato. Como mostra reportagem de VEJA da semana passada, os números comprovam esse início da retomada — ainda que pressionada por alguns outros fatores. No setor têxtil, o índice de produção física medido pelo IBGE, que estava em 81 pontos em fevereiro, caiu para 38 em abril e subiu para 79 em agosto. Exibidos na forma de gráfico, esses dados formam uma clara “curva em V”, termo que se tornou popular para descrever a tão desejada recuperação. A mesma letra aparece nas cifras de outros segmentos, como no âmbito das commodities, graças à retomada precisa da economia chinesa, principal destino de exportações brasileiras.

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