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O problema crescente que Lula e Haddad precisam enfrentar

Pela sexta semana consecutiva, economistas projetam alta na inflação para este ano; mercado também vê pressão inflacionária em 2024

Por Larissa Quintino Atualizado em 24 jan 2023, 01h28 - Publicado em 23 jan 2023, 09h23

Pela sexta semana consecutiva, analistas do mercado financeiro aumentaram a projeção da inflação para este ano. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 23, pelo Banco Central, o IPCA deve fechar o ano em 5,48%, acima dos 5,39% da semana passada e acima do teto da meta inflacionária para este ano, de 4,75%. O mercado também vê alta nas projeções do índice de preços em 2024, subindo de 3,7% para 3,84%.

Caso a projeção dos economistas se confirme, 2023 será o terceiro ano consecutivo de estouro da meta inflacionária no Brasil, que é de 3,25%, com o limite de 1,5 ponto para cima ou para baixo. O índice de preços, apesar do estouro da meta no ano passado, vem de um processo de desinflação. Porém, o dragão da inflação não está adormecido, como bem mostram as projeções do mercado financeiro. O risco fiscal permanece puxando para cima as pressões inflacionárias. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Globonews, atacou o atual sistema de metas. “Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando faz isso, é preciso arrochar mais a economia para atingir. Por que precisava fazer 3,7%? Por que não faz 4,5%, como fizemos [nos mandatos anteriores]? A economia brasileira precisa voltar a crescer”, afirmou. 

A declaração de Lula não surtiu bom efeito no mercado e elevou juros futuro e o câmbio. Como parte dos produtos é precificada em dólar, incertezas que afetem o câmbio, consequentemente desaguam na inflação. Para este ano, o mercado prevê o dólar a 5,28%. Além da fala de Lula, o mercado financeiro já não havia recebido tão bem o pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foca em aumento de receita e não tanto no corte de gastos, e aguarda a formatação da reforma tributária, prometida para o primeiro semestre pelo ministro em Davos.

Nesta semana, os economistas mantiveram a projeção da taxa básica de juros, a Selic em 12,50%. Em relação ao PIB, houve uma ligeira revisão para cima, de 0,77% na semana passada para 0,79% nesta semana.

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