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O importante recado das agências de risco para o Brasil

Dificuldades fiscais duradouras devido a demora de aprovação das reformas se somam à pandemia da Covid-19 e mantêm nota baixa do país

Por Luisa Purchio Atualizado em 19 nov 2020, 18h08 - Publicado em 19 nov 2020, 14h35

Ainda que a conjuntura das eleições americanas tenha trazido ventos mais favoráveis para a economia brasileira, com dólar mais baixo e a atração de investimentos estrangeiros para a B3, os problemas internos do país pesam para o futuro. As agências de classificação de risco, que balizam o risco de se investir nas nações, reafirmaram as ressalvas sobre a crescente dívida pública do país e a necessidade de se avançar na pauta de reformas que trazem melhoras fiscais. Ao mesmo tempo, a possibilidade de encaminhá-las ainda em 2020 fica cada vez mais distante com a aproximação do fim do ano, o que levanta um ponto de atenção dos investidores.

Nesta semana, a agência Fitch manteve a nota de crédito soberano brasileiro em “BB-”, adicionando ressalvas sobre o potencial crescimento dos novos casos de coronavírus, em conformidade com o que vem acontecendo com outros países da Europa e com os Estados Unidos. A pandemia elevou os gastos públicos ao longo de 2020, e um agravamento do quadro da doença pode piorar ainda mais a situação fiscal do país. “A perspectiva negativa reflete a severa deterioração do déficit fiscal do Brasil e do fardo da dívida pública durante 2020 e a incerteza persistente quanto às perspectivas de consolidação fiscal, incluindo a sustentabilidade do teto de gastos de 2016 (a principal âncora da política fiscal), dadas as contínuas pressões sobre os gastos”, disse a agência. Nas últimas semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao mesmo tempo que reforça a importância das reformas, afirmou que é possível que medidas como o auxílio-emergencial sejam prorrogadas no caso de uma segunda onda da doença. O programa tem custo estimado de 322 bilhões de reais neste ano, dinheiro este saído do Tesouro Nacional, o que ocasiona o aumento da dívida pública.

A Moody’s, por sua vez, publicou na mesma data um relatório reafirmando a nota Ba2, atribuída ao país no dia 15 de maio. A nota também é baixa e coloca o Brasil entre os países arriscados para se investir. “O perfil de crédito do Brasil equilibra o grande aumento do peso da dívida e contração econômica em 2020 devido ao impacto negativo do surto de coronavírus sobre a atividade econômica, contra o risco limitado de balanço de pagamentos e financiamento externo e um governo favorável à estrutura da dívida”, diz em comunicado com a atualização regular da nota. A agência espera que “a economia do Brasil deve contrair 5,7% em 2020 antes de se recuperar em 2021 com crescimento de 3,3%”. Já a S&P mantém a nota do Brasil em BB com perspectiva estável. A mais recente modificação foi feita em abril, quando o país perdeu a perspectiva positiva e passou a ser estável.

Para os analistas, além das reformas fiscais, um dos principais desafios do Brasil é o financiamento da dívida pública. O risco do país está alto, o que leva o mercado a cobrar juros maiores para comprar títulos de vencimento longo, os mais benéficos para o financiamento do Tesouro. Como eles estão caros, o Tesouro, então, tem preferido emitir mais títulos de vencimento curto. Se por um lado eles não são tão positivos em termos de planejamento do financiamento, porque devem ser pagos em menor espaço de tempo, por outro, a baixa taxa Selic permite que a remuneração aos investidores seja inferior. Por quanto tempo ela conseguirá permanecer por 2%, porém, dependerá do equilíbrio das contas públicas brasileiras.

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