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O gringo está voltando ao Brasil? Investimento subiu 23% em 2021

O momento é positivo, mas as decisões da política monetária dos Estados Unidos serão decisivas para a permanência ou fuga desses investidores

Por Luana Zanobia Atualizado em 27 jan 2022, 20h57 - Publicado em 27 jan 2022, 15h59

O Brasil vivenciou uma verdadeira fuga de capital estrangeiro nos últimos anos. Por aqui, os efeitos da pandemia, as incertezas políticas e os riscos fiscais fizeram os investidores fugirem para países considerados seguros. Mas, ao que tudo indica, os investidores estão voltando ao Brasil, e vão depender dos Estados Unidos para permanecerem por aqui.

Os dados do ano passado indicam uma recuperação do ânimo dos investidores estrangeiros pelo Brasil. Os investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil– aqueles no quais as empresas estabelecem propósitos de longo prazo no país – encerraram o ano com um saldo de 46,4 bilhões de dólares em 2021, aumento de 23% em relação a 2020, quando o volume foi de 37,7 bilhões de dólares. Os investimentos de carteira – aqueles que são aplicados em bolsa de valores e ações – também passaram a registrar um movimento mais positivo. Até o dia 21 de janeiro deste ano, o aporte estrangeiro na bolsa brasileira, a B3, alcançava 20,1 bilhões de reais, quase próximo ao volume de 23,6 bilhões de reais de todo o mês de janeiro do ano passado. “O dado do IED não é tão positivo assim por causa da base de comparação fraca. O ano de 2020 foi ano muito fraco para os investimentos em razão da pandemia”, diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. Por isso, o Brasil ainda não tem muitos motivos para comemorar.

Em 2020, o capital estrangeiro no Brasil recuou 35,4%, para uma cifra da ordem de 24 bilhões de dólares, de acordo com o relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada às Nações Unidas. Quando os juros estiveram no menor patamar histórico por aqui, investidores preferiram alocar em países como os Estados Unidos, que, embora também estivessem com taxa de juros próximas de zero, ofereciam menor prêmio de risco. Mas as sinalizações do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, de elevar a taxa de juros no país para conter a inflação de 7%, a maior para o país em quatro décadas e bem distante da meta de 2%, tem sido um grande impulsionador dos investimentos estrangeiros para o Brasil.

O aumento da taxa de juros por lá tem penalizado as ações das empresas de potencial de crescimento, em especial, as de tecnologia, que são as de maior peso nos principais índices das bolsas americanas, que passaram a amargar enormes quedas, revertendo os recordes dos últimos anos. Desde o último dia do ano passado, 31 de dezembro, até o último fechamento do mercado, nesta terça-feira, 25, a Nasdaq já acumula queda de 13,46%, o S&P 500, de 8,60%, e o Dow Jones Index, de 5,62%, de acordo com levantamento da consultoria Economática. “O investidor está fazendo um movimento de rotação, saindo das empresas de crescimento e alocando nas empresas de valor, como bancos e exportadoras de commodities”, diz Rodrigo Marcatti economista e CEO da Veedha Investimentos.

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No Brasil, o Ibovespa é composto majoritariamente por empresas de valor, o que tem favorecido a alocação dos estrangeiros por aqui. Só os bancos representam mais de 20% do Ibovespa. As empresas mais ligadas a commodities, como Petrobras e Vale, também estão na lista de grandes apostas dos investidores estrangeiros. “A alta do preço das commodities e a elevação na taxa de juros, podendo alcançar 11,75% ao final do ano, favorece essas grandes empresas locais”, diz Samuel Cunha, economista da H3 Invest. Inclusive, essas empresas têm sido responsáveis pelo bom desempenho do Ibovespa. Nesta quarta-feira, 27, o Ibovespa atingiu os 111,3 mil pontos, alta de 0,98%, refletindo a forte demanda por ativos brasileiros pelos investidores.

Mas, a alta de juros nos Estados Unidos também passa a ser motivo de preocupação para o Brasil. “Vai existir concorrência de investimento com subida de juros nos Estados Unidos, então, ainda há preocupação no radar para o Brasil”, diz. Por isso, para os especialistas entrevistados por VEJA, o movimento positivo seria de curto prazo. O ano ainda promete trazer muita volatilidade nos ativos, com o fim da era do ciclo de juros baixos em nível mundial. Somado a isso, o Brasil está em ano de incertezas políticas com a eleição. “Qualquer fala de candidato ou resultado de pesquisa que estejam fora das expectativas do mercado pode reverter o cenário. O investidor estrangeiro não gosta de incerteza política”, diz da H3 Invest. No longo prazo, olhando a conjuntura econômica do Brasil e do mundo, o bom momento pode ser algo que não dure muito tempo.

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