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O dilema argentino: controlar as importações para sustentar a economia

Por Por Indalecio ALVAREZ
2 mar 2012, 14h50

A Argentina enfrenta um dilema: controlar suas importações para preservar seu excedente comercial, única fonte de financiamento com a qual o país conta, na ausência de crédito, após o default de 2001, sob o risco, segundo os analistas, de comprometer a termo seus instrumentos de produção.

“A única fonte de financiamento em dólares da Argentina, devido à dificuldade de acesso ao crédito, é o excedente comercial”, disse à AFP Federico Bragagnolo, economista da consultoria Econviews, lembrando que a moratória recorde (sobre o pagamento de 76 bilhões de euros) de 2001 faz deste país um pária dos mercados.

No entanto, o excedente comercial da Argentina, grande exportadora de matérias-primas, está em queda. Em 2011, foi de 7,8 bilhões de euros, ou 11% inferior a 2010.

Esta queda torna-se mais angustiante para o governo que não consegue mais financiar os subsídios concedidos (nas contas de água, eletricidade, gás, transportes), que atingiram um recorde de 12 bilhões de euros em 2011, ou seja, 50% a mais do que em 2010. Por causa disso, está sendo obrigado a cortá-los, parcialmente e por etapas.

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Os gastos relativos aos prazos de vencimento da dívida pública chegaram a cerca de 6 bilhões de dólares (4,5 bilhões de euros) em 2012 e as reservas monetárias diminuíram 4,5 bilhões de euros em 2011, passando de 39,5 bilhões a 35 bilhões de euros.

Outra dificuldade maior: a fuga de capitais. Para enfrentar o problema, o governo colocou em prática uma série de rígidos controles sobre a compra de outras moedas.

Como sair disso?

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“Acumulando dólares para garantir a viabilidade da economia”, responde Federico Bragagnolo.

Para Mauricio Claveri, economista do site abeceb.com, “não há dúvida alguma de que grande parte do excedente comercial deve-se à política protecionista”.

O governo decidiu obrigar os importadores a preencher declarações detalhadas de suas compras, reservando-se um prazo de diz dias antes de autorizá-las.

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Essa medida soma-se a acordos “informais”. Para exportar na Argentina, é preciso se comprometer a importar produtos produzidos ou investir no país, para não correr o risco de ver seus produtos bloqueados na Alfândega.

Entre os casos mais conhecidos, está o da montadora alemã Porsche que foi obrigada, em 2011, a se comprometer a comprar vinho e azeite de oliva argentinos para conseguir fazer entrar no país uma centena de veículos.

O fabricante canadense BlackBerry anunciou também a abertura de uma unidade de produção na Terra do Fogo (sul) para continuar a vender seus telefones celulares.

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Essas medidas preocupam as nações da União Europeia, destino de 17% das exportações argentinas e que fornece 16% das importações.

Elas também são criticadas pelos parceiros da Argentina no Mercosul (Paraguai, Brasil e Uruguai), que representam 25% das exportações argentinas e 31% das importações.

A presidente Cristina Kirchner pôs a culpa, nesta quinta-feira, aos “que veem no controle do comércio externo qualquer coisa de sacrilégio”, destacando que “a Argentina, entre os países do G20, foi o segundo que teve o maior aumento das importações em 2011 (+30%), depois da Índia (+60%)”.

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Os especialistas não parecem convencidos.

“A Argentina tornou-se uma das nações mais protecionistas”, disse Aldo Abram, economista da Exante, lamentando a existência de “normas não escritas”.

Mas esta política pode encontrar limites.

“As empresas que precisam importar peças de reposição estão tendo problemas”, explica Federico Bragagnolo.

Assim, por exemplo, em janeiro, cansada dos atrasos provocados por novos controles, a Fiat parou sua fábrica de Ferreyra (Córdoba, centro) durante 48 horas. Uma advertência para o governo.

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