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O combo que está jogando as ações das companhias aéreas no limbo

Escalada nos combustíveis e aumento dos gastos públicos com novo estouro do teto, impactam no dólar e adicionam mais riscos e incertezas para o setor

Por Luana Zanobia Atualizado em 8 jul 2022, 11h37 - Publicado em 8 jul 2022, 11h12

Os reajustes da Petrobras nos combustíveis e os aumentos dos gastos públicos no governo Bolsonaro formam um combo que estão pressionando o desempenho das companhias aéreas. O novo estouro no teto de gatos com o pacote de bondades discutido no Congresso aumentou o risco fiscal com impactos diretos no dólar, que já vinha se elevando com a piora das expectativas no cenário externo. Com o querosene de aviação mais caro e o dólar subindo, as companhias voam para um território de limbo nos mercados.

Juntas, Gol e Azul já perderam 5,2 bilhões de reais em valor nos últimos quatro meses, de fevereiro a junho. A Gol perdeu 23% do valor de mercado, saindo de uma avaliação de 5,4 bilhões de reais para 4,2 bilhões de reais. Na Azul, a queda é ainda maior, de 45%, com perda de 4 bilhões de reais no valution, de 8,6 bilhões de reais para 4,6 bilhões de reais, segundo levantamento da Onfly, plataforma de gestão on-line de viagens corporativas.

A reabertura econômica pós-pandemia e a retomada das viagens eram vistas com grande otimismo para a recuperação do setor, mas a guerra no Leste Europeu acabou bagunçando novamente o cenário. Embora a Azul e a Gol tenham apresentado volume de vendas superior aos níveis pré-pandemia, no primeiro trimestre deste ano, o desempenho das ações não reflete essa retomada. As ações da Gol já acumulam perdas de 59,39% e a da Azul de 51,92%. Os números são quase dez vezes maiores que o desempenho do Ibovespa, que acumula queda de 5,85% no ano. A chileno-brasileira Latam também acumula queda de 27% no ano.

O conflito no Leste Europeu é visto como um dos grandes influenciadores na volatilidade dos papéis do setor aéreo. Segundo os especialistas entrevistados por VEJA, o desempenho negativo retrata um cenário de bastante incertezas para o setor devido ao aumento dos preços do combustível – bastante atrelados aos efeitos da guerra — e dos riscos da apreciação do dólar para as companhias brasileiras, que obtêm receitas em real, mas possuem custos dolarizados.

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A Petrobras realizou um novo ajuste de 3,9% no querosene de aviação, na última sexta-feira, 1º. No acumulado do ano, o combustível já acumula alta de 70%, segundo cálculo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). “O combustível chega a representar de 35% a 50% do custo da empresas. Os reajustes e a elevação do dólar têm potencial de aumentar ainda mais o prejuízo das companhias. As empresas dificilmente conseguirão repassar o aumento integral dos custos ao consumidor e provavelmente vão ter de absorver isso”, diz Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos. As tarifas já subiram 15% até fevereiro deste ano, segundo dados pela Agência Nacional, e já se aproxima do aumento acumulado do ano passado, que foi de 19,3%.

A queda observada no preço do barril do petróleo também não deve ajudar a frear essa alta dos preços. Com a cenário contracionista global, os preços do barril do petróleo tipo Brent estão caindo, com as negociações rondando no patamar de 100 dólares. “Mesmo com a redução no preço do petróleo, o setor enfrenta o contrapeso do dólar, que não deve ajudar a aliviar”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos

Além de um período significativo de acumulação de perdas – quatro meses correspondem a um quadrimestre, ou seja, o equivalente a um terço de um ano –, outro fator preocupante é a falta de perspectiva para uma reposição em curto prazo. “Imaginávamos que pudesse haver, neste momento, uma recuperação rumo a patamares de antes do início do conflito, mas isso não está acontecendo”, diz Marcelo Linhares, CEO da Onfly. Ao que tudo indica, as volatilidades do cenário internacional e a dinâmica atual do mercado de inflação e juros altos adicionam mais incertezas para o futuro das aéreas.

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